Papa visita a Albânia e critica o extremismo religioso
Numa curta visita à Albânia, terra da Madre Teresa, o
Papa Francisco lembra que a religião não pode ser usada "como pretexto"
para atos de violência e abusos. Fazer uma ponte para o mundo muçulmano é
um dos objetivos do Papa.
O papa Francisco elogiou este domingo, em Tirana,
capital albanesa, a convivência pacífica entre as religiões que
coexistem no país e criticou a forma como os grupos extremistas têm
vindo a desvirtuar o "sentido religioso". A breve visita do Papa à
Albânia decorre durante este domingo e durará apenas 10 horas.
"Que ninguém pense que pode utilizar Deus como escudo
quando projeta e realiza atos de violência e abusos. Que ninguém tome a
religião como pretexto para as próprias ações, contrárias à dignidade do
homem e aos seus direitos fundamentais, principalmente a vida e a
liberdade religiosa de todos", afirmou o papa Francisco, depois de ter
sido recebido pelo chefe de Estado albanês, Bujar Nishani.
A escolha da Albânia para a quarta visita apostólica
internacional do Papa, um país com três milhões de habitantes, 57% dos
quais são muçulmanos - de onde era também oriunda Madre Teresa de
Calcutá - é a prova de que Francisco está totalmente empenhado em
estabelecer pontes para o diálogo com outras religiões.
Segundo o papa, o que acontece na Albânia demonstra que
a convivência pacífica e frutífera entre pessoas e comunidades que
pertencem a religiões distintas não só é desejável, mas também possível e
realizável de modo concreto. Este é um "bem precioso" que, afirma,
"adquire uma relevância especial neste tempo em que, por parte dos
grupos extremistas, desvirtua-se o autêntico sentido religioso".
Durante esta semana, o embaixador do Iraque junto da Santa Sé, citado pelo jornal The Telegraph, disse
que o papa Francisco se encontra na mira do grupo extremista Estado
Islâmico. O Vaticano desvalorizou as ameaças, dizendo não terem recebido
nenhumas indicações oficiais e que o Papa não iria alterar a sua
rotina, incluindo a visita à Albânia. "Não há ameaças específicas ou
riscos que alterem o comportamento do Papa ou a forma como a viagem está
organizada, disse Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, citado pelo
jornal britânico.
O "inverno de isolamento" que a Albânia viveu
A Albânia foi um dos países mais fechados da Europa durante quase toda a segunda metade do século XX, desde que o ditador Enver Hoxha tomou o poder em 1944.
A Albânia foi um dos países mais fechados da Europa durante quase toda a segunda metade do século XX, desde que o ditador Enver Hoxha tomou o poder em 1944.
A liberdade de culto foi proibida e o país foi
declarado como um Estado oficialmente ateu. Foi feita uma feroz
perseguição à Igreja Católica albanesa [os católicos são 10%] que só
terminou em 1991 com o início da abertura política, apesar de Hoxha ter
falecido em 1985.
O Papa fez referência a esse período da história
albanesa lembrando que, "depois do inverno de isolamento e perseguições,
chegou por fim a primavera da liberdade", com eleições livres e novas
estruturas institucionais.
Francisco é o segundo Papa a visitar a Albânia e o
quarto a realizar uma visita oficial à Turquia, depois de Paulo VI, João
Paulo II e Bento XVI.
A Turquia, outro de país de maioria muçulmana com uma
parte do território na Europa, vai ser visitada pelo Papa que veio de
longe, no final de novembro. Francisco aceitou o convite do Presidente
turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou na passada sexta-feira o porta-voz
do Vaticano, padre Federico Lombardi.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/papa-visita-a-albania-e-critica-o-extremismo-religioso=f890404#ixzz3DxQ9WPFy
Nenhum comentário:
Postar um comentário