Os maias levavam oferendas para os deuses: potes com milho, feijão e cacau. Acreditavam que seriam recompensados nos tempos difíceis de seca.
A equipe do Globo Repórter segue o caminho do paraíso: pelo distrito de Cayo, na parte ocidental de Belize. Ela entra na floresta para uma caminhada de algumas horas até um santuário maia. O calor é tão forte que se começa a suar antes mesmo de começar a andar. E como se anda. Foi preciso atravessar três rios.
O rio é raso, mas escorrega o tempo todo. No local, devem ter vivido de sete mil a dez mil pessoas no tempo dos maias. Hoje, ninguém mora na área, só os animais.
O guia Emil Gamez diz que o Jardim dos Mais era onde eles plantavam milho, feijão e outros vegetais. Foi o maior sítio ocupado pelos maias nesta região de Belize. Eles costumavam se abrigar nas cavernas, que existem até hoje, escondidas na mata. Ainda guardam provas dos rituais.
A equipe vai para a saída do rio subterrâneo. Logo na entrada da caverna, o primeiro grande obstáculo: é preciso entrar nadando. A partir daí, a escuridão é total. Mas a equipe leva lanternas e segue confiante procurando o altar dos sacrifícios.
A caverna volta a ficar estreita. As pedras também são muito afiadas. Ainda bem que há um guia experiente. Emil Gamez é descendente do povo maia. Ele avisa que a partir deste ponto, é preciso subir.
Ele dá a notícia de que tem que escalar as pedras. São mais de 40 metros de altura até chegar ao local das cerimônias macabras. Os terremotos alteraram muito uma parte da caverna com desmoronamentos de pedras. É necessário subir como os maias.
A equipe começa a entrar no lugar sagrado. Os sacerdotes maias levavam oferendas para os deuses: potes com milho, feijão e cacau. Acreditavam que seriam recompensados nos tempos difíceis de seca, quando no imenso jardim as plantações deixavam de crescer e morriam com a estiagem. O sacrifício de pessoas era justamente para salvar as colheitas - para garantir um novo tempo de fartura.
A equipe chega até o altar dos sacrifícios, onde ainda existem muitos ossos humanos espalhados. No local, há um dos achados mais completos de todo esse templo. É o esqueleto de uma jovem que deve ter sido sacrificada há mil anos. Ela devia ter entre 18 e 20 anos. Pesquisadores acham que foi um dos rituais mais sagrados, um último apelo dos sacerdotes pela paz no mundo dos maias.
O tempo passou e mudou a história do paraíso. Os maias foram dominados pelos colonizadores e, nesta região de Belize, hoje existe paz. A natureza está em equilíbrio. Por onde se passa, vê-se uma floresta fértil e acolhedora. Claro que no mundo animal sempre tem a lei do mais forte: mas a briga é só entre os bichos.
O peixe-boi nada tranquilamente, sem nenhum pescador por perto. No Brasil, ele ainda corre perigo. A única ameaça contra o simpático bonachão é o crocodilo. Embora existam muitos crocodilos, o peixe boi se arrisca nas águas do rio dos macacos.
No deslumbrante litoral de Belize, o grande vilão é um peixe que virou uma praga: o lionfish, o peixe leão. O guia Edgar Lima fala que o peixe leão é um problema sério. Faz um ano e meio que apareceu na barreira de corais da América Central. O intruso chegou para ficar e se espalhou por toda parte. Cada um dos espinhos que ele tem no corpo é extremamente venenoso.
O lionfish, conhecido também como escorpião dos mares, se multiplica rapidamente e come os outros peixes. Engole até predadores maiores do que ele.
Cercada de tubarões, a equipe conhece a reserva marinha de Hol Chan, que, na língua maia, significa canal estreito. Os pequenos tubarões lixa vão ao encontro dos repórteres só por curiosidade. Tem comida farta nestas águas.
O canal dos tubarões foi descoberto por pescadores. Eles jogavam restos de peixes que limpavam ali mesmo e, assim, os tubarões se acostumaram a ficar esperando as sobras da pescaria. Hoje, toda vez que escutam o barulho de barcos e lanchas, fazem as honras da casa. Como bons anfitriões, recebem a equipe do Globo Repórter.
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