Em velório, filho e comandante do Exército defendem nome de Leônidas Pires
por Luciana Nunes Leal | Estadão Conteúdo
Foto: Reprodução / TV Globo
Autoridades civis e militares participaram, neste sábado, 6, do
velório do ex-ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves, que morreu
na quinta-feira, 4, aos 94 anos. Um dos filhos de Leônidas, Miguel
Coelho Neto Pires Gonçalves, e o comandante do Exército, general Eduardo
Dias da Costa Villas Bôas, fizeram referências indiretas ao fato de o
ex-ministro ter sido citado em relatório da Comissão Nacional da Verdade
(CNV) como um dos agentes responsáveis direta ou indiretamente por
torturas e mortes de opositores do regime militar. "Lastimamos certas
imposturas políticas e ideológicas que tentam transformar fatos
inverídicos em verdades históricas, caluniando pessoas e mistificando
episódios. Tenho certeza que o tempo irá corrigir", disse Miguel em
desagravo ao pai. O comandante do Exército, foi o primeiro a discursar.
"Os soldados do seu Exército não consentirão que a retidão de seu
caráter e a transcendência de sua alma sejam maculados por versões
históricas capciosas e tentativas de impor verdades de ocasião",
afirmou. O velório, com honras militares, aconteceu no Palácio Duque de
Caxias, sede do Comando Militar do Leste, no centro do Rio. O
ex-presidente José Sarney, de 85 anos, lembrou, em entrevista, a atuação
decisiva de Leônidas na transição da ditadura para a democracia.
Escolhido ministro por Tancredo Neves, o general atuou para que Sarney,
vice, tomasse posse quando o presidente eleito adoeceu, na véspera da
posse, em 14 de março de 1985. "O general Leônidas teve uma função
importantíssima. Articulou com a Marinha e a Aeronáutica um grupo de
sustentação que pudesse assegurar a transição (...)Se não tivesse sido
organizado o grupo dentro das Forças Armadas para assegurar a transição
democrática, teríamos problemas. Não sei o que poderia acontecer",
afirmou. "Era um grande chefe militar e tinha consciência de que as
Forças Armadas tinham participado do processo de 1964 com o objetivo de
evitar o colapso das instituições democráticas. Infelizmente os
episódios caminharam por outras estradas", afirmou o
ex-presidente. Também estiveram no velório o vice-governador do Rio de
Janeiro Francisco Dornelles (PP), sobrinho de Tancredo Neves, e o
deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), militar da reserva. A bandeira do
Brasil que cobriu o caixão do general foi dobrada e entregue à viúva,
Dóris. O corpo de Leônidas foi cremado no início da tarde no Crematório
São Francisco Xavier, no Caju (zona portuária), em cerimônia reservada à
família e amigos próximos.
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