Carro-bomba deixa 4 mortos no sul de Beirute
(AFP)
Um homem das forças libanesas de segurança tenta apagar um incêndio no local de um atentado com carro-bomba, no subúrbio de Beirute (AFP, -) |
O atentado foi criticado pelo Ocidente e pela ONU. O presidente libanês, Michel Sleimane, afirmou que "a mão do terrorismo é a mesma que semeia a morte em todas as regiões libanesas".
O ataque acontece menos de uma semana após o atentado com carro-bomba que matou, em 27 de dezembro, Mohammad Chatah, conselheiro do ex-primeiro-ministro Saad Hariri.
Chatah era hostil ao Hezbollah e ao regime sírio de Bashar al-Assad, apoiado militarmente pelo movimento xiita.
Desde o envolvimento do Hezbollah na guerra da vizinha Síria, o Líbano vem sendo atingido por uma onda de atentados, e os detratores do grupo o acusam de ter colocado o país nesta situação de violência.
Os ataques exacerbaram as diferenças - já profundas no Líbano - entre simpatizantes e opositores de Assad, assim como as tensões entre os xiitas do Hezbollah e os sunitas, representados pelo ex-premier Saad Hariri.
Segundo a Agência Nacional de Informação Libanesa (ANI), "um veículo 4x4 explodiu na rua muito movimentada de Al-Aarid, no bairro de Haret Hreik", na periferia sul de Beirute.
Possível atentado suicida
O ministro da Saúde, Ali Hassan Khalil, fez um "balanço definitivo" de quatro mortos e 77 feridos. "Há cadáveres que ainda não foram identificados", disse.
Segundo o ministro do Interior, Marwan Charbel, a investigação "aponta para a hipótese de um atentado suicida em função da presença de restos mortais no carro".
O Exército libanês anunciou que os investigadores tentam determinar como o veículo, que carregava 20 kg de explosivos, foi detonado.
Na rua atingida pelo ataque, as fachadas dos prédios ficaram destruídas e ao menos cinco carros, queimados.
Uma multidão em pânico tentava escapar do local do atentado, em uma região densamente povoada, enquanto os serviços de emergência abriam caminho.
O subúrbio da zona sul de Beirute - chamado de "mini-Estado" do Hezbollah pelos opositores do grupo xiita - virou uma fortaleza de segurança depois que o primeiro atentado atingiu a região, em julho de 2013. As medidas draconianas de segurança, contudo, não impediram que outros ataques ocorressem no local.
Antes da guerra de 2006, entre Hezbollah e Israel, o setor de Haret Hreik era "o perímetro de segurança" do movimento xiita, o que significa que a região abrigava as principais instituições do partido.
Críticas internacionais
A embaixada dos Estados Unidos em Beirute condenou o atentado "terrorista", chamando o ato de "desumano".
O Hezbollah está na lista de "organizações terroristas" de Washington.
"Nós condenamos o atentado terrorista de hoje em Dahiyé, em Beirute. Nossas condolências às vítimas e às suas famílias", escreveu a embaixada em seu Twitter.
O embaixador da Grã-Bretanha, Tom Fletcher, também expressou sua "condenação ao ataque desumano em Beirute", acrescentando que "os civis libaneses voltam a ser vítimas" da série de atentados no país.
Paris alertou para que os libaneses "evitem uma escalada da violência", e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu cautela.
Em 19 de novembro, um duplo atentado suicida reivindicado por um grupo ligado à Al-Qaeda atingiu a embaixada em Beirute do Irã, um aliado de Damasco, deixando 25 mortos.
Em 23 de agosto, dois ataques com carro-bomba contra mesquitas sunitas em Trípoli mataram 45 pessoas. Em 15 de agosto, 27 pessoas foram mortas na explosão de um carro nos subúrbios ao sul de Beirute, e em 9 de julho, um carro-bomba causou cinquenta feridos na mesma região.
Na semana passada, Hariri acusou o Hezbollah do ataque contra Chatah que custou a vida de outras sete pessoas. Mas o Hezbollah negou qualquer envolvimento.
O assassinato de Chatah exacerbou as divisões já profundas no Líbano entre partidários e opositores do regime sírio, mas também as tensões entre xiitas representados pelo Hezbollah e sunitas representados por Saad Hariri.
A escalada acontece no momento em que o Líbano não tem governo, em razão das profundas rivalidades em relação ao conflito na Síria.
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