Aviação comercial completa 100 anos
Hoje, o setor emprega 57 milhões de pessoas, de forma direta e indireta, e movimenta US$ 2,2 trilhões na economia mundial
Agência Estado
Publicação: 05/01/2014 12:19
Atualização:
No dia 1º de janeiro de 1914, um voo de 23 minutos que levava a bordo
apenas um passageiro marcaria o início de uma revolução no mundo: a
criação da avião comercial. Cem anos depois, o setor se transformou em
um dos pilares da globalização, com mais de 8 milhões de passageiros por
dia. Para o futuro, as empresas aéreas não escondem sua meta ambiciosa:
atrair a nova classe média de mercados emergentes para continuar a
expandir o setor.
Nos próximos anos, 1 bilhão de novos
passageiros deve se somar ao número de viajantes. Quase todos eles virão
de países em desenvolvimento, principalmente da China. O primeiro
piloto e o primeiro passageiro de um voo comercial dificilmente poderiam
imaginar o que eles estariam inaugurando.
Hoje, o setor emprega
57 milhões de pessoas, de forma direta e indireta, e movimenta US$ 2,2
trilhões na economia mundial. As 280 maiores empresas do segmento são
responsáveis ainda por US$ 540 bilhões. Se o setor fosse um país, teria o
19º maior PIB do mundo.
Em 1º de janeiro de 2014, o avião que
deixou a cidade de St. Petersburg, na Flórida, em direção a Tampa, não
sabia ao certo o destino daquela aventura. No comando da aeronave de
madeira estava um jovem de 25 anos, Tony Jannus, que poucos anos mais
tarde morreria treinando outros pilotos durante a Primeira Guerra
Mundial.
Ao seu lado estava o único passageiro - Abram Phell, que
até um dia antes era o prefeito de St. Petersburg. Ele pagou US$ 400
pelo voo, o equivalente hoje a quase US$ 10 mil. Isso tudo para ganhar
tempo - o mesmo percurso de trem duraria 11 horas. Antes de decolar, o
dono da companhia área St. Petersburg-Tampa Airboat Line, Percival
Fansler, discursou diante de quase 3 mil pessoas. “O que parecia
impossível ontem é uma realidade hoje”, disse.
A travessia não
ocorreu sem sustos. A correia do motor acabou caindo e o avião teve de
pousar por alguns instantes na água. O piloto e o passageiro tiveram de
arrumar o motor e ambos chegariam ao destino final com as mãos sujas de
graxa. Nos quatro meses seguintes, a empresa aérea levaria 1,2 mil
pessoas pelo trajeto proposto. Mas bastou as autoridades retirarem os
subsídios da empresa e a aventura entrou em falência.
Apesar
disso, a visão de um empresário abriu caminho para outros
empreendedores, que investiram em linhas locais. Nos meses seguintes, um
serviço entre a ilha de Catalina e Los Angeles foi inaugurado. Em 1919,
a primeira rota ligando Nova York a Atlantic City, em New Jersey, seria
aberta com aviões da Primeira Guerra Mundial. No mesmo ano, uma nova
rota entre a Flórida e o Caribe também foi inaugurada.
Recorde
Dados
da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em
inglês) revelam a dimensão da primeira aventura. Em 2013, 3,1 bilhões de
passageiros foram transportados e, pela primeira vez na história, a
marca dos 3 bilhões foi superada. Nos próximos anos, o crescimento virá
de mercados emergentes. “Vamos em busca desses novos passageiros”, disse
Tony Tyler, CEO da Iata. “Há enorme potencial nessas regiões.” Para
2017, a previsão é de que o número global de passageiros suba 31%,
superando 3,9 bilhões.
O Brasil será o terceiro maior mercado
aéreo do mundo, atrás dos EUA e China, com uma expansão de 35,5% no
número de passageiros domésticos. O mercado nacional somará 122,4
milhões de passageiros em 2017, 32 milhões a mais que em 2012. No centro
da expansão mundial estará a China, que somará 487 milhões de clientes.
Rotas internacionais entre cidades chinesas serão responsáveis por 30%
da expansão. A Ásia vai conquistar 300 milhões de novos passageiros até
2017.
Apesar da explosão na China, o mercado americano ainda
continuará a ser o maior do mundo em 2017, com 677 milhões de
passageiros domésticos. “Não é surpresa que regiões como Ásia ou Oriente
Médio estejam gerando as maiores taxas de expansão”, disse Tyler.
Entre
as empresas, não serão poucas as que passaram a ampliar seus voos e
linhas para a Ásia, inclusive com novos centros e hubs, uma realidade
que se limitava por décadas apenas a Londres Frankfurt e Nova York. “Os
emergentes se transformarão em mercados consolidados e Abu Dabi será um
dos hubs globais”, afirmou James Hogan, CEO da Etihad Airways.
Não
é apenas o transporte de passageiros que interessa às empresas em sua
busca pelos mercados emergentes. A China já se transformou no maior
exportador mundial e o mercado de cargas também transfere seu foco do
Atlântico para o Pacífico. Por ano, 50 milhões de toneladas de carga é
levada em aviões, com um valor de até US$ 6,4 trilhões. Hoje, um a cada
três dólares no comércio exterior viaja em aviões, não em barcos.
Tecnologia
Além
do interesse pela Ásia, outro foco do setor é a tecnologia. São pelo
menos três os objetivos: reduzir o impacto ambiental dos aviões,
garantir a segurança e promover viagens mais rápidas.
Por
enquanto, o maior avião comercial da era moderna é o Airbus A380, com
capacidade para 800 passageiros. Os mais ambiciosos acreditam que, nos
próximos 50 anos, a aviação vai mudar de forma radical. “Não tenho
dúvida de que, no espaço de uma geração, poderemos voar de Londres para
Sydney em duas horas”, disse Richard Branson, o polêmico presidente da
Virgin Atlantic Airways.
Já Ben Baldanza, CEO da Spirit Airlines,
aponta que, em 100 anos será a própria aviação que será obsoleta.
“Tecnologias como uma espécie de ‘Google, me coloque ali’ serão
implementadas nos mapas, tornando as viagens aéreas como nós as
conhecemos como um produto do passado remoto.”
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