domingo, 19 de maio de 2013

'Nunca mais subo no palco', diz vocalista de banda que tocava na Kiss

Marcelo de Jesus dos Santos deu entrevista ao Fantástico neste domingo.
Músico diz que donos da casa noturna sabiam do uso de pirotecnia.

Do G1 RS, com informações do Fantástico
 
O vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, que tocava na boate Kiss, em Santa Maria (RS),  quando o local pegou fogo em 27 de janeiro, disse que nunca mais vai subir no palco novamente e que sente a mesma dor das famílias das vítimas. A tragédia causou a morte de 242 pessoas.
Em entrevista ao Fantástico neste domingo (19), o músico falou sobre a acusação de ter iniciado o incêndio. "É o mesmo que estar com uma faca cravada no peito e não poder tirar", descreve. A última morte em decorrência da tragédia ocorreu nesta madrugada em Porto Alegre. Mais quatro pacientes seguem internados na capital gaúcha.
Em sua primeira manifestação pública desde o ocorrido em Santa Maria, Santos afirma que o sócio da casa noturna, Elissandro Spohr, o Kiko, sabia do uso de artefatos pirotécnicos pela banda, já que não era a primeira vez que um show era realizado no local. Uma semana depois da tragédia, o Fantástico divulgou uma declaração de Kiko em que ele afirmava não saber do efeito. "Está mentindo, ele sabia. Ele sabia porque a gente toca na boate dele desde 2010, e o show já era feito", diz.
Segundo as investigações, o fogo de artifício que iniciou o incêndio estava preso em uma luva, colocada em Marcelo pelo produtor da banda. Contrariando depoimentos de 98 pessoas que disseram que ele havia levantado a mão, o vocalista diz que fez apenas um movimento horizontal com a luva. Ele afirmou ainda que estava no lado esquerdo do palco, e não no direito, onde o fogo começou.
A versão contada pelo integrante da banda Gurizada Fandangueira é contestada pelo Ministério Público. "A prova testemunhal é absolutamente ampla no sentido de mostrar que exatamente no instante que ele levanta a mão, que ele dança, que ele pula e que é acionado o artefato é que o fogo começa”, diz o promotor Joel Oliveira Dutra.
A entrevista foi concedida no presídio regional de Santa Maria, onde estão presos outros três acusados das mortes: o produtor da banda Luciano Bonilha e os donos da boate, Mauro Hoffman e Kiko. Marcelo de Jesus dos Santos teve a liberdade provisória negada pela justiça três vezes. Seu advogado entrou com um novo pedido de habeas corpus que ainda está sendo julgado. Não há previsão de quanto tempo ainda vai demorar até o fim desse processo. O vocalista tem apenas uma certeza: "Aquela parte da vida que eu tinha de cantar, em nenhum momento mais eu vou conseguir fazer. Nunca mais vou subir no palco”, garante.
O relatório da polícia afirma que Marcelo não se preocupou em pegar o microfone e anunciar que estava iniciando o fogo para que demais pessoas pudessem ter a chance de sair do local. "Eu não sei se eu avisei no microfone porque eu já estava com o extintor na mão. Eu larguei o microfone no chão e comecei a gritar: ‘fogo, fogo’", diz.
Um vídeo registrado por um frequentador mostra que, depois de largar o extintor, ele esteve com um microfone nas mãos. A gravação não mostra Marcelo gritando.
Veja o site do Fantástico
Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro, resultou em 242 mortes. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco.
O inquérito policial indiciou 16 pessoas criminalmente e responsabilizou outras 12. Já o MP denunciou oito pessoas, sendo quatro por homicídio, duas por fraude processual e duas por falso testemunho. A Justiça aceitou a denúncia. Com isso, os envolvidos no caso viram réus e serão julgados
Veja as conclusões da investigação
- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso no palco
- As faíscas atingiram a espuma do teto e deram início ao fogo
- O extintor de incêndio do lado do palco não funcionou
- A Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás
- Havia superlotação no dia da tragédia, com no mínimo 864 pessoas
- A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular
- As grades de contenção (guarda-corpos) obstruíram a saída de vítimas
- A casa noturna tinha apenas uma porta de entrada e saída
- Não havia rotas adequadas e sinalizadas de saída em casos de emergência
- As portas tinham menos unidades de passagem do que o necessário
- Não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas

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