O governo está decidido a trazer médicos do exterior para trabalhar no Brasil. O Conselho de Medicina chia, mas para a OMS, não é nenhuma “panaceia” que isso aconteça
São Paulo – Apesar da pressão do Conselho Federal de Medicina, o
governo brasileiro parece que não vai recuar da decisão de trazer médicos
do exterior – notadamente, Portugal, Espanha e Cuba – para trabalhar em
áreas do interior com carências de profissionais. Um ponto polêmico
deverá ser levado a cabo: a proposta que será apresentada hoje pelo
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, à Organização Mundial da Saúde (OMS), fará com que esse médicos espanhóis e portugueses não tenham que revalidar o diploma no Brasil, de acordo com a Folha de S. Paulo.
A OMS, que tem um código próprio de recrutamento internacional de profissionais da saúde,
dá início hoje a sua 66ª assembleia geral, onde o tema será tratado. A
organização não é contrária à medida do governo brasileiro.
Em entrevista à BBC, o Diretor da Divisão dos Sistemas de Saúde e Saúde Pública da OMS, Hans Kluge, disse que procurar médicos no exterior não é nenhuma "panaceia", nem muito menos algo inédito, mas advertiu que há perigos e de que a solução deve ser temporária.
"É importante que esses profissionais estejam preparados profissional e pessoalmente para ir para o Brasil", advertiu o diretor à rede britânica.
Esse é parte do medo do Conselho Federal de Medicina, ainda mais sérior se o governo confirmar a intenção de não submeter os médicos ao Revalida, exame aplicado para quem se graduou em outro país e quer validar o diploma no Brasil.
Na edição 2012, 91,2% dos candidatos foram reprovados, incluindo médicos das nações que agora devem mandar profissionais ao país. O governo brasileiro ainda não revelou os critérios que pretende adotar para evitar a vinda de maus profissionais ao mesmo tempo em que quer se livrar das amarras do exame, considerado muito rigoroso.
Exemplo inglês
Há razões para adotar a importação com cautela, como mostra a experiência inglesa. O Reino Unido é uma das nações que mais adotou o expediente de estimular a ida de médicos estrangeiros. Eles chegam a representar quase 4 em cada 10 médicos da região no que é considerada uma experiência bem sucedida de integração.
Porém, mesmo exigindo revalidação do diploma e prova de conhecimento da língua inglesa, entre outros itens, 63% dos médicos que tiveram os registros cassados ou suspensos desde 2007 são estrangeiros, segundo a BBC, o que vem gerando discussões internas de que esses profissionais deveriam ser mais observados de perto no começo da carreira. Tudo para garantir e evitar problemas de comunicação com pacientes e a falta de conhecimento da legislação britânica de saúde.
Temporários
A proposta que ainda será apresentada pelo governo se concentrará no trabalho temporário. Isto é, os médicos não precisarão fazer o exame de validação, mas só poderão atuar aqui por três anos. E deverão ir para as áreas demarcadas pelo governo, segundo a Folha de S. Paulo.
Apesar dos perigos da importação, não se pode ignorar que o problema existe no Brasil. Em muitas pequenas cidades do país, prefeitos não se deverão se importar muito com a nacionalidade do médico, desde que o município deixe de integrar a lista dos 397 locais onde não existe nenhum profissional residente.
"Rapaz, mande um médico da (sic) Cuba pra mim", disse o prefeito de Santa Cruz dos Milagres (PI) a um repórter na semana passada.
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Em entrevista à BBC, o Diretor da Divisão dos Sistemas de Saúde e Saúde Pública da OMS, Hans Kluge, disse que procurar médicos no exterior não é nenhuma "panaceia", nem muito menos algo inédito, mas advertiu que há perigos e de que a solução deve ser temporária.
"É importante que esses profissionais estejam preparados profissional e pessoalmente para ir para o Brasil", advertiu o diretor à rede britânica.
Esse é parte do medo do Conselho Federal de Medicina, ainda mais sérior se o governo confirmar a intenção de não submeter os médicos ao Revalida, exame aplicado para quem se graduou em outro país e quer validar o diploma no Brasil.
Na edição 2012, 91,2% dos candidatos foram reprovados, incluindo médicos das nações que agora devem mandar profissionais ao país. O governo brasileiro ainda não revelou os critérios que pretende adotar para evitar a vinda de maus profissionais ao mesmo tempo em que quer se livrar das amarras do exame, considerado muito rigoroso.
Exemplo inglês
Há razões para adotar a importação com cautela, como mostra a experiência inglesa. O Reino Unido é uma das nações que mais adotou o expediente de estimular a ida de médicos estrangeiros. Eles chegam a representar quase 4 em cada 10 médicos da região no que é considerada uma experiência bem sucedida de integração.
Porém, mesmo exigindo revalidação do diploma e prova de conhecimento da língua inglesa, entre outros itens, 63% dos médicos que tiveram os registros cassados ou suspensos desde 2007 são estrangeiros, segundo a BBC, o que vem gerando discussões internas de que esses profissionais deveriam ser mais observados de perto no começo da carreira. Tudo para garantir e evitar problemas de comunicação com pacientes e a falta de conhecimento da legislação britânica de saúde.
Temporários
A proposta que ainda será apresentada pelo governo se concentrará no trabalho temporário. Isto é, os médicos não precisarão fazer o exame de validação, mas só poderão atuar aqui por três anos. E deverão ir para as áreas demarcadas pelo governo, segundo a Folha de S. Paulo.
Apesar dos perigos da importação, não se pode ignorar que o problema existe no Brasil. Em muitas pequenas cidades do país, prefeitos não se deverão se importar muito com a nacionalidade do médico, desde que o município deixe de integrar a lista dos 397 locais onde não existe nenhum profissional residente.
"Rapaz, mande um médico da (sic) Cuba pra mim", disse o prefeito de Santa Cruz dos Milagres (PI) a um repórter na semana passada.
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