Uma equipa de astrónomos europeus liderada por um astrónomo da Universidade do Porto, descobriu um planeta com a massa da Terra apenas a 4,3 anos-luz do Sistema Solar, na constelação de Alfa Centauro.
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Uma equipa de astrónomos europeus, liderada por Xavier Dumusque
, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
, descobriu com a ajuda de um telescópio do Observatório Europeu do Sul
(ESO) um planeta com a mesma massa que a Terra na órbita de uma estrela
do sistema de Alfa Centauro.
A Alfa Centauro é o sistema estelar mais próximo do
Sistema Solar, encontrando-se a apenas 4,3 anos-luz de distância. É um
sistema com duas estrelas semelhantes ao Sol em órbitas muito próximas
uma da outra - Alfa Centauro A e B - e uma estrela vermelha mais
distante - a Próxima Centauro, que se encontra mais perto da Terra.
A equipa descobriu o planeta ao detetar pequenos
desvios no movimento da estrela Alfa Centauro B, provocados pela atração
gravitacional do planeta em órbita. O efeito faz com que a estrela se
desloque para trás e para a frente 51 centímetros por segundo (1.8
km/h).
Uma órbita de 3,2 dias
"As nossas observações, que se estendem ao longo de
mais de quatro anos, obtidas com o instrumento HARPS, revelaram um
sinal, minúsculo mas real, de um planeta que orbita a Alfa Centauro B a
cada 3,2 dias", explica Xavier Dumusque, que é também astrónomo no
Observatório de Genebra, na Suíça."É uma descoberta extraordinária, que
levou a técnica que utilizamos ao limite".
O HARPS mede com muita precisão a velocidade radial
de uma estrela, isto é, a sua velocidade na direção da Terra, tanto em
afastamento como em aproximação. Um planeta que orbita uma estrela faz
com que a estrela se desloque com regularidade.
A Alfa Centauro B é muito semelhante ao Sol, embora
seja ligeiramente mais pequena e menos brilhante. O planeta descoberto
está a seis milhões de quilómetros de distância da estrela, isto é,
muito mais próximo do que Mercúrio se encontra do Sol (46 a 70 milhões
de quilómetros) e 25 vezes mais próximo do que a Terra está do Sol.
"Este é o primeiro planeta com massa semelhante à
Terra encontrado a orbitar uma estrela como o Sol. A sua órbita
encontra-se muito próxima da estrela e por isso o planeta deve ser
demasiado quente para poder ter vida tal como a conhecemos", esclarece
Stéphane Udry, astrónomo do Observatório de Genebra que também integra a
equipa que o descobriu.
Além de franco-suiço Xavier Dumusque, há outro
astrónomo do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) que
faz parte desta equipa: o português Nuno Cardoso Santos (ver entrevista
no final desta notícia).
Mais planetas por descobrir em Alfa Centauro?
O planeta descoberto é também o mais leve encontrado a
orbitar uma estrela semelhante ao Sol. Mas pode ser um planeta num
sistema de vários, porque as observações feitas pelo ESO mostram que a
maioria dos planetas de pequena massa se encontra em tais sistemas.
O primeiro planeta na órbita de uma estrela do tipo
solar foi encontrado em 1995 por uma equipa liderada por Michel Mayor e
Didier Queloz, astrónomos do Observatório de Genebra. Desde então foram
descobertos mais de 800 planetas extra-solares.
Quase todos são maiores do que a Terra e muitos são
planetas gasosos tão grandes como Júpiter. Por isso, a ambição dos
astrónomos é detetar planetas com massa semelhante à da Terra que
orbitem nas zonas habitáveis das estrelas. A zona habitável é uma região
anelar estreita em volta da estrela onde, sob condições adequadas, a
água poderá existir na forma líquida nos planetas que aí a orbitam.
"A nossa descoberta representa um enorme passo em
frente na deteção de um gémeo da Terra, na vizinhança imediata do Sol.
Estamos a viver tempos excitantes", confessa Xavier Dumusque.
À espera do ESPRESSO
Mas para detetarem planetas mais pequenos que a Terra
em Alfa Centauro, os astrónomos ainda não dispõem de instrumentos
adequados.
Só quando o ESPRESSO (Echelle SPectrograph for Rocky Exoplanet and
Stable Spectroscopic Observations) estiver instalado no Very Large
Telescope (VLT) do ESO, no final de 2016, essa limitação poderá acabar.
O VLT é o observatório astronómico ótico mais
avançado do mundo. O ESPRESSO poderá obter uma precisão na velocidade
radial de 0,35 km/hora ou menos. Em termos de comparação, a Terra induz
uma velocidade radial no Sol de 0.32 km/hora. Esta resolução permitirá
descobrir planetas com massas semelhantes à Terra em zonas habitáveis.
Este instrumento está a ser desenvolvido por um
consórcio que envolve Portugal, Itália, Suiça e Espanha. Em Portugal o
projeto é liderado pelo CAUP e conta ainda com a participação de
investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
A telescópio espacial Kepler da NASA descobriu 2300
candidatos a planetas utilizando um método alternativo: a procura de
uma ligeira queda no brilho de uma estrela quando um planeta passa à sua
frente (trânsito) e bloqueia parte da sua radiação.
Mas a maioria destes candidatos encontra-se muito
longe da Terra, ao contrário do que acontece com os planetas descobertos
pelo HARPS, que se encontram em torno de estrelas próximas do Sol.
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Ler mais: http://expresso.sapo.pt/descoberto-planeta-com-a-massa-da-terra-em-alfa-centauro=f760780#ixzz29YgGmv16
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