sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Cordelista e retratista aproveitam festa literária para divulgar trabalho

Cordelista Jurival Silva (Foto: Lílian Marques/G1)


Artistas expõem trabalhos na Praça da Aclamação, em Cachoeira.
Flica ocorre até domingo com programação gratuita no Recôncavo Baiano.

Lílian Marques Do G1 BA, em Cachoeira (BA)

Cordelista Jurival Silva expõe trabalho em Cachoeira (Foto: Lílian Marques/G1)
A literatura de cordel e a xilogravura ganharam a Praça da Aclamação, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano durante a II Festa Literária Internacional na cidade. O cordelista Jurival Silva, 65 anos, conta que já percorreu diversas cidades do país e que veio até Cachoeira pelo segundo ano consecutivo por conta do evento literário. “No ano passado, eu vim e foi muito bom para mim. Está sendo bom de novo para divulgar o trabalho. Até dezembro, eu vou viajar percorrendo feiras, romarias ...”, revela o baiano da cidade de Baixa Grande, localizada no sertão baiano.

Os livros de cordel, feitos por eles e outros artistas, são exibidos em uma espécie de corda pendurada em duas árvores e dentro de uma mala aberta colocada em cima de uma cadeira na praça. “Aprendi [a fazer cordel] com o tempo, com o mundo. Meu grande mestre e incentivador foi Antônio Alves da Silva. A gente cria, pesquisa, o cordel é livre. Falo sobre ficção, mistério, cangaço, encantamento, conto histórias de caminhoneiro porque fui caminhoneiro...”, revela sobre a inspiração para as publicações, que são pequenas e vendidas a R$ 2 cada uma.
Bem ao lado de seu Jurival, está o alagoano Luis Natividade, 51 anos. Xilografista e retratista, formado em Belas Artes pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), com o seu trabalho, ele desperta a atenção de quem passa pelo local, principalmente das crianças, às quais ele oferece uma oficina de xilogravura gratuitamente. Mas o que impressiona mesmo é a fidelidade da expressão das pessoas nos retratos.

Natividade revela que se “descobriu” artista quando leu sobre os renascentistas ainda na 6ª série do ensino fundamental em uma escola da cidade de Junqueiro, interior de Alagoas. “Decidi ser um deles. Meu primeiro desenho retrato foi de uma professora, tenho ele até hoje. Fui para Salvador, onde moro há 30 anos, para fazer o 2º grau e a faculdade, onde aprendi a desenhar proporções. Casei, constituí família, meus dois filhos foram criados no meu atelier. Sou pesquisador de fisionomias. Cada lugar que vou vejo pessoas com fisionomias diferentes, cabelos, roupas, acessórios, que me despertam o retrato”, diz.
Luis Natividade (Foto: Lílian Marques/G1)
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Luis Natividade (Foto: Lílian Marques/G1)


Luis demora cerca de cinco minutos para fazer o desenho de alguém. Com lápis 4B ou 6B e papel vergê ou canson, ele rabisca os primeiros traços. O desenho retrato pode ser gestual ou mais fiel ao personagem. “O gestual é mais rabiscado, não pega as feições com perfeição”, explica o artista, que também é cordelista.

Natividade afirma que vive do trabalho artístico há 28 anos. Cada desenho retrato custa R$ 5, o cordel também é vendido por R$ 2.

A II Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) ocorre desde a quarta-feira (17) no Complexo do Carmo com programação literária gratuita. Atrações nacionais e internacionais discutem diversos temas no evento, que também tem uma programação musical durante a noite. A festa vai até o domingo (21).

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