Carreta cai no Rio Acara em Tomé-Açu
Os momentos que antecederam o acidente que vitimou cinco
pessoas de uma mesma família sexta-feira dia 26 no município de Tomé-Açu, no
nordeste Paraense, foram revelados, ontem, pelo único sobrevivente da tragédia,
o adolescente Lucas Medina, de 17 anos.
O instante imediatamente anterior ao acidente remete Lucas à
sobrinha Raquel Medina, de 13 anos, que morreu quando a carreta em que a
família estava despencou da ponte sobre o rio Acará-Mirim. O som do veículo
tocava uma canção que ela gostava, "Pra você", da cantora sertaneja
Paula Fernandes. O motorista da carreta José Edvan de Brito, de 40 anos, pediu
para trocar a música e, em um breve instante de distração, perdeu o controle do
veículo, caindo de uma altura de mais de dez metros. A jovem, segundo o
sobrevivente, morreu abraçada ao bebê, tentando protegê-lo.
Ontem foram encontrados os corpos das outras duas vítimas do
acidente. O corpo de Raquel, que comemoraria com a família no domingo o
aniversário transcorrido na quinta-feira passada, veio à superfície por volta
das 6 horas da manhã. Mais cedo, em torno de 1horas e 20 minutos, o corpo de
José Sidney, que faria cinco anos de idade, foi localizado. Ele era irmão de
Raquel. Os outros três corpos foram retirados do rio no sábado.
Na manhã de domingo, houve o sepultamento dos corpos dos
irmãos José Eugênio, de 1 ano e 7 meses, filho de José Edvan, e Lucas Rafael,
de cinco anos, enteado do motorista.
O enterro ocorreu no cemitério de Quatro Bocas, distrito de
Tomé-Açu, distante 12 quilômetros do município.
O corpo de José Edvan de Brito, que era conhecido pelo
apelido "Índio", foi levado para Patos de Minas, a cidade natal do
carreteiro, em Minas Gerais.
Ele conduzia a carreta que, por volta das 20horas e 30
minutoa de sexta-feira, caiu da ponte sobre o rio Acará-Mirim, na entrada de Tomé-Açu.
Ao todo, cinco pessoas viajavam na boleia do "cavalinho" (a parte da
frente do veículo).
Lucas Medina, o sobrevivente, era tio das crianças que
morreram. Chorando muito, ele compareceu ao enterro de José Eugênio e de Lucas
Rafael. O adolescente contou que, como sempre fazia quando chegava de viagem,
Edvan saiu com as crianças para dar uma volta. Ele costumava levá-los para
lanchar ou para comer uma pizza. Lucas contou que o motorista perguntou se
poderia trocar a música que tocava no CD Player, para, provavelmente, colocar
uma de sua preferência. "Ele desviou o olhar para o som", lembrou. Em
seguida, o condutor perdeu o controle do veículo. "Vai bater (na proteção
da ponte)", gritou Lucas. "Meu Deus", disse, desesperada,
Raquel. O adolescente acredita que, nessa hora, o motorista, em vez de pisar no
freio, pisou no acelerador.
Lucas também relatou os momentos de agonia quando o veículo
chegou ao fundo do rio. Os bombeiros estimavam que a cabine da carreta estava a
oito metros de profundidade.
Na luta para sair do veículo, Lucas bateu a cabeça e machucou
os braços. Ele conseguiu sair pelo pára-brisas, que quebrou com o impacto da
carreta na água. "Eu estava para desistir", lembrou. O adolescente
disse que, no fundo do rio, ninguém "tocou nele". Ou seja, não
percebeu qualquer sinal de que os demais ainda pudessem estar com vida. Ele
revelou que Raquel estava com o bebê no colo: "Ela não largou o
bebê", disse, para demonstrar que a adolescente tentou proteger a criança
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