quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

‘PF e MPF não disfarçam mais caçada a Lula’


Gisele Federicce, 247 – Na visão do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), a decisão do juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, de autorizar a abertura de um inquérito para investigar um sítio em Atibaia (SP) frequentado pela família do ex-presidente Lula é uma "provocação" e "afronta o estado democrático de direito".
Em entrevista ao 247, o parlamentar resgatou o fato de que a Lava Jato foi aberta para apurar o cartel de empresas que prestavam serviços para a Petrobras, pelos quais pagavam propina e fraudavam contratos bilionários. E que em "um cenário delicado e complexo como esse, o Sérgio Moro autoriza uma investigação de benfeitorias num sítio em Atibaia. Isso afronta o estado democrático de direito".
"Aí isso é notícia em todos os jornais no dia do aniversário do partido", acrescenta Pimenta. Questionado se acredita que a decisão, divulgada no feriado, teria relação com os 36 anos do PT, comemorados nesta quarta-feira, o deputado afirma: "Eu tenho convicção de que é isso". Sobre a informação de Sérgio Moro, publicada nesta quarta, de que a divulgação de sua decisão foi um "equívoco", uma vez que o processo corre sob sigilo, Pimenta vê como um "deboche".
"Equívoco com o ex-presidente da República em um cenário como esse?", questiona. "No mínimo isso deve ser visto como uma provocação, um deboche, um escárnio... Uma forma de dizer 'olha, eu faço o que eu quero, da maneira que eu quero. E se vocês não gostarem, não adianta reclamar, porque comigo é isso aqui'. Estou convencido disso", reforça o deputado.
Ação seletiva
Para Paulo Pimenta, a decisão de Moro autorizando a investigação sobre o sítio "só reforça a convicção que nós estamos diante de uma ação seletiva que envolve setores – Polícia Federal, Ministério Público Federal – e acabam tendo a guarida do poder Judiciário e a proteção da grande mídia para uma operação seletiva jamais vista na história do Brasil".
Segundo o deputado, "não existe nenhuma autoridade desde Getúlio Vargas que tenha sido submetida a um processo de tentativa de macular a sua história como Lula está sofrendo. São tantas as vertentes... tem os dois filhos, a nora, a esposa, as palestras, o sítio, o apartamento, os caças suecos, o trabalho do filho no Corinthians, o plágio", contabiliza o petista.
"São tantas... que isso já ficou evidente (a perseguição). Até blitz ambiental no sítio pode ter, visitas a padaria, lojas. Nunca nesse país se investigou o patrimônio do [ex-presidente] Fernando Henrique, o apartamento em Indianópolis, o apartamento em Paris, as emissoras que Aécio [Neves] tem, que contrato que fez... Então é evidente que há uma ação política, e ela tem como pano de fundo a tentativa de impedir que Lula volte, e que acaba tendo um verniz de legalidade".
O petista reforça que "é tão evidente a seletividade que os setores da burocracia (PF, MPF) perdem já o cuidado de qualquer liturgia". "Dona Marisa [esposa de Lula] é chamada para depor, e a mulher do [presidente da Câmara, Eduardo] Cunha, nunca depôs", compara, mencionando o deputado que é alvo de inquérito por corrupção no STF e acusado de manter contas secretas na Suíça.
Nesta terça e quarta-feira, o deputado postou alguns tuítes em protesto à decisão do juiz Sérgio Moro. Leia abaixo:

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