segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Justiça condena Zelada, ex-diretor da Petrobras, a 12 anos de prisão

Justiça condena Zelada, ex-diretor da Petrobras, a 12 anos de prisão

Zelada foi preso na 15ª fase da Lava Jato; ele vai recorrer da decisão.
Outras 3 pessoas foram condenadas na mesma ação penal.

Bibiana Dionísio e Adriana JustiDo G1 PR
A Justiça Federal condenou a 12 anos e 2 meses de prisão o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A decisão foi publicada pelo juiz Sérgio Moro nesta segunda-feira (1º).

Zelada foi preso em julho de 2015, em meio à 15ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Mônaco. O ex-diretor da Petrobras teve mais de 10 milhões de euros bloqueados em contas bancárias no exterior. Ele está detido no Complexo Médico-Penal, na Região Metropolitana de Curitiba.

"As provas [...] indicam que [Zelada] passou a dedicar-se à prática de crimes no exercício do cargo de Diretor da Petrobras, visando seu próprio enriquecimento ilícito e de terceiros, o que deve ser valorado negativamente a título de culpabilidade", afirmou Moro na sentença. O advogado de Zelada vai recorrer da decisão.
Condenações
Foram condenados, na mesma ação, o ex-gerente da Petrobras Eduardo Costa Vaz Musa e os lobistas João Augusto Rezende Henriques e Hamylton Pinheiro Padilha Júnior. Assim como Musa, Padilha tem acordo de delação premiada junto ao Ministério Público Federal (MPF).
João Rezende Henriques fez exame de corpo de delito no IML, em Curitiba, nesta terça-feira  (Foto:  Rodrigo Félix Leal/  Futura Press/ Estadão Conteudo )João Rezende Henriques, um dos condenados nesta
segunda (Foto: Rodrigo Félix Leal/ Futura Press/
Estadão Conteudo )
- Jorge Luiz Zelada – corrupção passiva e lavagem de dinheiro - 12 anos e 2 meses. O juiz absolveu Zelada pelo crime de evasão de divisas.
- Eduardo Costa Musa - corrupção passiva e lavagem de dinheiro - 11 anos e 8 meses de reclusão. Contudo, por causa do acordo de delação premiada, a pena foi reduzida para 10 anos de reclusão. Inicialmente, substituído por regime aberto diferenciado.
- Hamylton Pinheiro Padilha Júnior -  corrupção ativa e lavagem de dinheiro - 12 anos e dois meses de reclusão. Como Padilha é delator, a pena passa para 8 anos em regime aberto diferenciado.
- João Augusto Rezende Henriques -  corrupção passiva - 6 anos e 8 meses de reclusão, em regime inicial fechado.
Os quatro condenados terão de pagar multas. O regime aberto diferenciado estabelece algumas restrições aos condenados e varia conforme o acordo firmado com o MPF.
A denúncia
De acordo com a denúncia apresentada pelo MPF, Zelada e Musa aceitaram receber propina de US$ 30 milhões para favorecer a contratação, em 2009, da empresa Vantage Drilling Corporation – representada por Padilha. A companhia faria o afretamento do navio-sonda Titanium Explorer pela Petrobras. O contrato foi de US$ 1,816 bilhão.
João Augusto Rezende Henriques e o acusado originário Raul Schmidt Felippe Júnior atuaram na negociação da propina e receberam parte da propina, segundo o MPF. Para isso, foram simulados dois contratos com a utilização de offshores (empresas no exterior).

Ainda conforme os procuradores da força-tarefa da Lava Jato, parte da propina foi repassada a Hamylton Padilha, que se encarregou de pagar Jorge Luiz Zelada e Eduardo Musa.
Outra parte da propina foi repassada a João Augusto Rezende Henriques, que se encarregou de distribuir a parte que caberia ao PMDB. O partido nega participação nas irregularidades descobertas na Petrobras.
"A lavagem, no presente caso, envolveu especial sofisticação, com a constituição de pelo menos três off-shores no exterior, a utilização delas para abertura de pelo menos três contas secretas no exterior, o recebimento e a ocultação nela da vantagem indevida da corrupção e a transferência dos ativos criminosos das contas da Suíça para a conta no Principado de Mônaco", complementou Moro.

A investigação também indicou que Zelada realizou transferências significativas para contas na China que pertencem a ele.
O que dizem as defesas
O advogado de Jorge Luiz Zelada informou que vai recorrer da decisão. “Discordando dos termos condenatórios, apresentaremos recursos contra a sentença, visando a demonstrar a inconsistência das acusações", disse ao G1 Renato de Moraes.
Já o advogado de Eduardo Costa Musa, Antônio Basto, informou ao G1 que ainda não conhece a sentença e que prefere não comentá-la por enquanto.
O G1 entrou em contato com o advogado de Hamylton Pinheiro Padilha Júnior, Celso Vilardi, e com o advogado de João Augusto Rezende Henriques, José Cláudio Marques Barboza. Ambos disseram que estão ocupados e que não podem falar sobre o assunto neste momento. Eles devem se posicionar mais tarde.
Condenados no Rio de Janeiro
Esta não é a primeira condenação de Zelada e Henriques envolvendo irregularidades na Petrobras. A 27ª Vara Criminal do Rio condenou Jorge Zelada e João Augusto Rezende Henriques a 4 anos de prisão em regime semiaberto.
Os dois foram acusados de fraude em uma licitação em que a vencedora foi a Odebrecht, causando um prejuízo de milhões de dólares à estatal.

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