quarta-feira, 26 de junho de 2013

Ao menos 10 morrem em confronto

Rio (AE) - Pelo menos dez pessoas morreram e cinco foram baleadas em confrontos entre policiais militares e traficantes de drogas no Complexo da Maré, na zona norte do Rio, entre o início da noite de segunda-feira, 24, e o fim da tarde de ontem. Entre os mortos, há um sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope), dois moradores e seis suspeitos de envolvimento com o tráfico. Foram detidos dez homens, entre eles um menor de 16 anos.
Policiais no Complexo da Maré, no Rio: Moradores e representantes de ONGs reclamaram de ofensiva violenta contra a populaçãomarco campos/agência o dia/aePoliciais no Complexo da Maré, no Rio: Moradores e representantes de ONGs reclamaram de ofensiva violenta contra a população

O tiroteio começou por volta das 19 horas de segunda-feira, quando um grupo de criminosos iniciou um arrastão na pista sentido zona oeste da avenida Brasil, na altura da Nova Holanda. Antes, os criminosos teriam participado de uma manifestação que saiu da Praça das Nações, em Bonsucesso, e interditou uma faixa da Brasil.

Após o início dos assaltos em série na via expressa, PMs do 22.º Batalhão (Maré) foram acionados e teve início um confronto com traficantes que estavam na Nova Holanda. Os policiais, então, pediram reforço do Bope.

A favela permaneceu ocupada durante toda a madrugada e esta terça. Cerca de 400 PMs participaram da operação.

Acusações

Moradores e organizações não governamentais (ONGs) que atuam na favela acusam policiais militares (PMs) de ter invadido casas e executado algumas vítimas. A polícia nega. Formado por 15 favelas com 130 mil moradores, o Complexo da Maré, atualmente, é dominado por duas facções de traficantes de drogas e uma milícia. A região deverá ser ocupada pelas forças de segurança em agosto, para futura instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Diretora da ONG Redes da Maré, Eliana Souza e Silva disse que pelo menos três pessoas foram mortas a facadas pelos PMs do Bope. Dois homens teriam sido assassinados por volta das 6 horas da segunda-feira, enquanto dormiam, na rua São Jorge. Moradores afirmaram que eles trabalhavam como pedreiros.

A reportagem esteve no imóvel, que estava totalmente revirado e com marcas de sangue para todos os lados. Um terceiro homem teria sido morto pelos policiais num sobrado de dois andares na rua Carmelita Custódio. Às 13 horas desta segunda, o corpo permanecia no imóvel. Cerca de dez homens do Bope escoltavam o local e impediram que a imprensa fizesse imagens, alegando que aguardavam a chegada da perícia.

“Recebemos denúncias de que o Bope está invadindo a casa das pessoas, indiscriminadamente, e matando quem eles acham suspeitos a facadas. Estive em dois locais e constatei isso. Mesmo que eles tenham ligação com o crime, o dever da polícia é prender. Não matar”, afirmou Eliana.

Porta-voz do Bope, o capitão Ivan Blaz negou as acusações. “Eu conheço a Eliana. Em outras operações do Bope em que ela fez outras acusações, nós mesmos disponibilizamos uma viatura para levá-la à Corregedoria. Para investigar essas denúncias, precisamos achar esses corpos esfaqueados. Até agora, todos os mortos tinham apenas marcas de tiros”, afirmou.

Há duas semanas, a PM realizou uma reunião com representantes de todas as associações de moradores da Maré. O encontro foi realizado numa universidade particular, no centro da capital fluminense. Segundo a diretora da ONG, na ocasião, foi dito que o conjunto de favelas começará a ser ocupado em agosto, logo depois da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que será realizada entre os dias 23 e 28. Atualmente, quase todo o efetivo das polícias está empregado na Copa das Confederações, na Jornada e também nas recentes manifestações em vários bairros da capital e cidades do Grande Rio.

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