Panama Papers: Premiê da Islândia renuncia e é primeiro a cair após escândalo de vazamentos
O maior vazamento de documentos da história já fez sua primeira baixa.
Após a divulgação dos chamados Panama Papers, documentos que revelam
contas offshore de políticos e personalidades, primeiro ministro da
Islândia – um dos citados no caso - renunciou ao cargo nesta
terça-feira.
Segundo os documentos vazados da empresa de advocacia Mossack Fonseca,
Sigmundur Gunnlaugsson tinha uma empresa offshore chamada Wintris com
sua esposa.
Ele é acusado de usar a conta para ocultar milhões de dólares dos bens de sua família.
Um protesto foi organizado à frente do Parlamento da Islândia na última
segunda-feira, um dia depois da divulgação dos Panama Papers, para
pressionar o premiê.
Gunnlaugsson havia ligado para o presidente Olafur Ragnar Grimsson para
dissolver o Parlamento, mas essa ideia foi refutada pelo chefe de
Estado, que pediu para conversar com os partidos políticos antes.
“Eu não acho que seja normal o primeiro-ministro, sozinho, ter
autoridade para dissolver o Parlamento sem que a maioria da Casa esteja
satisfeita com a decisão”, disse o presidente aos jornalistas.
Após ter se recusado a renunciar na segunda-feira, o premiê acabou
ainda mais pressionado até mesmo pela coalizão do seu partido.
Nesta terça, ele usou o Facebook para se manifestar.
“Eu disse ao líder do Partido Independente que se os parlamentares do
partido acreditam que eles não poderiam apoiar o governo para realizar
tarefas conjuntas, eu iria dissolver o Parlamento e convocar novas
eleições”, escreveu ele.
Com a saída de Gunnlaugsson, há rumores de que o ministro da Agricultura seja nomeado o novo primeiro-ministro.
Acusações
Os documentos vazados da Mossack Fonseca mostram que Sigmundur Gunnlaugsson e sua esposa compraram a Wintris em 2007.
Ele não declarou sua participação na empresa quando entrou
noPparlamento, em 2009. Depois, vendeu 50% dela para sua esposa, Anna
Sigurlaug Palsdottir, por US$ 1.
Gunnlaugsson afirma que nenhuma lei foi desrespeitada e que sua esposa não foi beneficiada financeiramente.
A empresa offshore foi utilizada para investir milhões de dólares de
dinheiro herdado, de acordo com um documento assinado por Palsdottir em
2015.
Registros judiciais mostram que a empresa Wintris tinha investimentos
significativos em títulos de três bancos islandeses que quebraram na
crise financeira de 2008.
Os islandeses mais revoltados com as revelações acreditam que os
documentos divulgados pelos Panama Papers revelam um conflito de
interesses do primeiro-ministro.
Isso porque ele estava envolvido em negociações sobre o futuro dos
bancos e chegou a chamar credores que queriam seu dinheiro de volta de
“abutres”, enquanto a própria empresa dele, Wintris, era uma credora.
Gunnlaugsson manteve a participação de sua esposa na empresa em segredo.
Um porta-voz do primeiro-ministro disse na segunda-feira que Palsdottir
sempre declarou seus bens para as autoridades fiscais e que, sob as
leis parlamentares, Gunnlaugsson não teria que declarar nenhuma
participação na Wintris.
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