terça-feira, 5 de abril de 2016

Jornal cita envolvimento de presidente da Fifa com os "Panama Papers"


Gianni Infatino, eleito em fevereiro, assinou venda de direitos de transmissão de torneios da Uefa entre 2003 e 2006, quando era diretor jurídico da entidade

Por Londres
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, foi citado na investigação que ficou conhecida como "Panamá Papers" - exposição de uma série de documentos internos da empresa panamenha Mossack Fonseca, cuja especialidade era fabricar offshores, ou seja, abrir empresas em paraísos fiscais.
Gianni Infantino Fifa (Foto: Ruben Sprich / Reuters)Presidente da FIFA, Gianni Infantino tem seu nome envolvido nos "Panama Papers" (Foto: Ruben Sprich / Reuters)

Segundo o jornal inglês "The Guardian", em 2006 a Uefa vendeu os direitos de transmissão de seus torneios de clubes (Champions League, Copa da Uefa e Super Copa) para uma empresa chamada Cruz Trading. Essa empresa, então, imediatamente repassou os direitos para uma empresa equatoriana chamada Teleamazonas, por cerca de três ou quatro vezes o valor original. Na época, Infatino atuava como diretor jurídico da Uefa. Anos depois, seria promovido a secretário-geral. Em fevereiro deste ano, foi eleito presidente da Fifa.
A Cruz Trading pertence ao empresário argentino Hugo Jinkis, também dono da Full Play. Em 2015, Hugo e seu filho Mariano foram indicados pelo FBI no "Fifagate" - o escândalo de corrupção que levou para a cadeia uma série de dirigentes da Conmebol, Concacaf e Fifa. Foram indiciados os últimos três presidentes da CBF, Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Hugo e Mariano estão hoje em prisão domiciliar na Argentina.
Por meio de comunicado oficial, a Uefa declarou que não cometeu infração e que, quando fechou os contratos com a empresa Cruz, não poderia saber que Hugo Jinkis estaria envolvido em escândalo de corrupção dez anos depois. A entidade que manda no futebol europeu afirmou que o contrato foi assinado por Infatino "porque ele era um dos diretores da Uefa com poderes para assinar contratos no momento". A Uefa disse ainda que não tinha "nenhuma razão para acreditar que havia algo de suspeito ou nocivo na relação entre Cruz Trading e Teleamazonas".
O presidente Gianni Infantino enviou um parecer oficial sobre a questão:
Estou consternado e não vou aceitar que minha integridade esteja sendo posta em dúvida por certas áreas da mídia, especialmente dado que a UEFA já tenha divulgado em detalhe todos os fatos em relação a esses contratos.
Do momento em que em fiquei ciente das últimas entradas na mídia no assunto, eu imediatamente contactei a UEFA procurando clareza. Fiz isso porque não estou mais na UEFA, e são eles que exclusivamente detém toda situação contratual relacionada a essa questão. No meio tempo, a UEFA anunciou que está conduzindo uma releitura de seus numerosos contratos comerciais e tem respondido extensamente todas as questões da mídia relacionadas a esses contratos específicos.
Como disse anteriormente, nunca lidei pessoalmente com a Cross Trading e nenhum de seus donos, já que o processo foi conduzido pelo Team Marketing no em prol da UEFA.
Gostaria de dizer que nem a UEFA nem eu fomos contactados por nenhuma autoridade em relação a esses contratos específicos.
Além disso, como a mídia já informa, não há indicação alguma de nenhum desvio de conduta tanto da UEFA quanto meu em relação a essa questão.
A UEFA também divulgou comunicado oficial sobre o assunto.

A UEFA está consternada por certas histórias da mídia sugerindo que houve conduta imprópria na relação entre contratos de televisão feitos com uma companhia baseada no Equador, em 2006. Como explicado repetidamente para a mídia, não houve nunca sugestão de que houve algo impróprio. Essas explicações foram dadas à mídia de forma clara, razoável e perfeitamente transparente. É ainda mais lamentável que, a despeito das explicações, alguns setores da mídia escolheram sub-representar assuntos e induzir o público ao erro, ao sugerir ou implicar o contrário.

É certo que a UEFA foi perguntada há um tempo atrás e teve algumas transações comercias com certas companhias ou indivíduos nomeados na investigação americana. Na época da nossa resposta inicial, não tivemos a oportunidade de chegar todos os nossos milhares de contratos comerciais, e a resposta dada foi inicialmente incompleta. Essa é a razão por que Gianni Infantino inicialmente achou, baseado na informação dada pela UEFA, que não houve contratos prévios da UEFA com nenhuma companhia e indivíduo nomeados na investigação. Foi também por isso que a FIFA deu essa informação para a mídia.

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