Atentados atingiram regiões xiitas no mesmo dia em que sunitas organizam marcha contra o governo
iG
Carros-bomba explodiram do lado de fora de duas feiras em regiões xiitas e perto de uma fila de táxis no Iraque nesta sexta-feira (8), deixando ao menos 36 mortos e ferindo dezenas, no dia mais sangrento no país em quase dois meses. Os ataques coincidem com protestos organizados pela minoria sunita contra o governo, o que pode acirrar as tensões sectárias.
Centenas de sunitas participaram da passeata em cinco cidades contra o premiê Nouri al-Maliki, xiita acusado de monopolizar o poder. Os sunitas também reclamam de sofrer preconceito por parte das autoridades do Estado.
Os líderes dos manifestantes sunitas rejeitaram a proposta de um grupo ligado à Al-Qaeda de pegar em armas contra o governo, mas há uma preocupação generalizada de que os militantes aproveitem o descontentamento para realizar ataques.
Na cidade de Samarra, o xeque Mohammed Jumaa fez um alerta ao primeiro-ministro. "Pare com a tirania e a opressão", disse. "Queremos nossos direitos. Você testemunhará o que outros tiranos testemunharam antes de você."
Nas cidades de Fallujah e Ramadi, ambos na província de Anbar, manifestantes bloquearam a principal estrada para a Jordânia, realizando as orações de sexta-feira, um dos momentos mais importantes do calendário semanal religioso. A província de Anbar é um antigo reduto da Al-Qaeda e foi cenário de uma dos mais brutais ataques dos EUA durante a Guerra do Iraque (2003-2011). Outros protestos ocorrem também nas cidades de Mosul e Tikrit.
Os sunitas têm feito protestos semanais contra o governo do Iraque desde meados de dezembro.
Mais cedo, nesta sexta, supostos insurgentes sunitas detonaram quatro carros-bomba, deixando ao menos 36 mortos e ferindo 97, no dia mais sangrento de ataques desde novembro, quando 43 xiitas foram mortos em uma onda de ataques.
Os ataques atingiram uma feira de filhotes no norte de Bagdá, em Kazimyah, uma quitanda na cidade xiita de Shomali, na província Hillah, ao sul da capital iraquiana, e uma fila de táxis no extremo sul da cidade de Kabala.
Os insurgentes escolheram regiões movimentadas. Toda sexta-feira, iraquianos vão a mercados e passam um tempo em família durante o fim de semana muçulmano. Feiras desse tipo são alvos comuns dos militantes, que procuram sempre provocar o maior número possível de mortes. Na fila de táxis, haviam passageiros retornando das orações do meio dia.
Em Bagdá, o primeiro carro-bomba explodiu por volta das 12h no horário local (7h em Brasília) na entrada do mercado de Kazimyah, informaram à agência AP dois policiais. Quando clientes em pânico tentavam fugir, um segundo carro estacionado explodiu a poucos metros.
Ao menos 17 morreram e 45 ficaram feridas nessas duas explosões e todas as vítimas eram civis.
Cerca de uma hora depois, dois carros-bomba explodiram simultaneamente no mercado Shomali, deixando 14 mortos e 26 feridos. O carro-bomba em Kabala deixou cinco mortos e 16 feridos, de acordo com a polícia. Autoridades da saúde também confirmaram o número de mortos e feridos nos dois atentados.
O índice de violência caiu no Iraque desde a pior luta sectária entre 2006 e 2007, mas insurgentes têm realizado ataques quase diários contra as forças de segurança e civis, em uma tentativa de pressionar o governo xiita.
Os recentem ataques acontecem cerca de dois meses antes das eleições regionais do Iraque, de 20 de abril, a primeira votação nacional no país desde a retirada das forças americanas há mais de um ano.
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