VIOLÊNCIA NOS ESTÁDIOS DE FUTEBOL.
Havia emoção por toda parte. Não existia uma só pessoa, dentre as cerca
de 350 que participaram da manifestação,, que não se deixou tomar por um
sentimento de solideriedade e respeito pelo sofrimento alheio. Nem se
fosse feita de gelo. A passeata pela recuperação de Lucas Lyra foi só
comoção e expectativa. Saindo da praça Maciel Pinheiro, os familiares e
amigos do jovem torcedor do Náutico chegaram ao Hospital da Restauração
na tarde deste sábado, onde ele segue lutando ferozmente pela vida.
Liderava a caminhada um carro de som. As músicas tinham um tom só:
religioso, como se solicitasse, em única voz, o que cada um ali queria.
Paz e vida. Para todos e para Lucas. A homenagem foi bonita. Torcedores
das três torcidas da capital estiveram juntos, envergando orgulhosamente
suas camisas. Sem brigas, sem olhares atravessados. Sem a menor
sugestão de desrespeito. Como sempre deveria ser. As paixões por Santa
Cruz, Náutico e Sport ficaram em segundo plano. O objetivo ali era
passar uma mensagem. Gritar algo que a sociedade pernambucana não
consegue mais não dizer: ninguém aguenta mais tanta violência.
A
amiga de Lucas Maria Clara Santos resumiu bem o espírito da
manifestação coletiva. "Diante do que a gente está vendo aqui, todas as
torcidas juntas em clima de respeito e amizade, a gente só tem a
agradecer. Nós, os amigos, e também a família, só podemos agradecer e
pedir paz. Muita paz", disse. A palavra era a mais repetida pelos
presentes. Estava, a tinta, inscrita nos rostos de várias pessoas. E
impressas no semblante de cada um. O objetivo primeiro era rezar pela
recuperação do adolescente de 19 anos. Mas o pano de fundo era ainda
maior: a luta, pacífica, para que ninguém mais precise passar por isso.
Para que ninguém precise mais fazer passeatas por paz nos estádios. Para
que isso saia do nosso cotidiano e vire apenas uma péssima lembrança.
Fonte: Rômulo Alcoforado
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