Sessão conjunta no Congresso que
apreciou a urgência para a votação dos vetos da presidenta Dilma foi
tensa e marcada por bate-bocas (12/12)
"O que sei é que ela ( Dilma
) está muito chateada com o presidente Sarney", disse um deputado
petista, de um Estado não-produtor de petróleo, que pediu para não ser
identificado.
O deputado estranhou a atitude "inusitada" de Sarney de
convocar a sessão do Congresso e de articular para que o requerimento de
urgência fosse aprovado. "O veto chegou aqui na sexta-feira à noite e o
requerimento de urgência foi votado na quarta. Nunca vi isso antes. É
uma atitude inusitada do presidente José Sarney. Um gesto duríssimo de
Sarney contra Dilma", criticou.
"Nunca se vê votar veto aqui no Congresso. Há vetos que aguardam há 20 anos para serem apreciados", ressaltou. Terça-feira: Votação de veto sobre royalties é adiada por falta de assinaturas e quórum Não-produtores: Governadores pressionam Congresso para derrubar veto de royalties
Outra atitude de Sarney condenada pelos que defendem a
aliança prioritária firmada entre PT e PMDB com vistas à 2014 foi de
adiar a sessão do Congresso
, anteriormente marcada para a terça-feira, alegando conflito de horário com uma sessão da Câmara.
Na terça, o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI),
responsável por colher os apoios para a derrubada do veto na Câmara,
não havia conseguido as 257 assinaturas de deputados necessárias para a
apresentação do requerimento de urgência. Apenas 180 deputados haviam
assinado o requerimento.
"O veto foi gestado dentro do PMDB", avaliou outro
deputado da base. "Talvez não abale a aliança neste momento mas, com
certeza, contará caso outras traições ocorram", disse o deputado. Alan Sampaio
Deputados se desentenderam sobre urgência para apreciar vetos de Dilma ao projeto que regulamenta royalties
A postura do vice-presidente Michel Temer
também foi alvo de crítica. Antes da convovação da sessão do Congresso,
a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, chegou a se
reunir com Temer para tratar da questão dos royalties e também da medida
provisória que reduz o valor das contas de energia elétrica.
Temer teria ficado de conversar com a bancada sobre os
dois assuntos, atitude que, segundo interlocutores do Planalto, não
ocoreu. "Houve um cruzar de braços", avaliou um quadro do próprio PMDB.
"A eleição passada foi a dos prefeitos, a próxima é a nossa", ponderou.
A sessão do Congresso que aprovou a urgência para
apreciar o veto foi tumultuada. Presidida pela vice-presidente da Câmara
Rose de Freitas (PMDB-ES), a votação ocorreu em meio a gritos, empurrões e ânimos acirradíssimos
.
Rose chegou a ser criticada pela bancada de seu Estado
por não ter se utilizado de artifícios regimentais para conduzir a
votação. "Só se eu rasgasse o regimento" argumentou.
O Espírito Santo é um Estado produtor de Petróleo e, junto ao Rio, perde receita com a possível derrubada do veto.
Segundo Rose, durante a sessão de hoje, havia uma
articulação para que o senador Waldemir Moka (PMDB-MS) assumisse a
presidência. O senador Moka foi um dos principais articuladores para que
Câmara e Senado votassem o requerimento de urgência.
"Estavam articulando para colocar o Moka para presidir a
sessão. Por isso eu decidi e informei ao Plenário do Congresso que só
iríamos votar o requerimento de urgência, e que o veto seria votado em
uma outra sessão. A ideia deles ( dos contrários ao veto
) era votar no mesmo dia o requerimento de urgência e a derrubada do veto", explicou Rose.
A urgência foi aprovada
por 348 votos favoráveis de deputados e 61 senadores. O grupo contrário
somou 84 deputados e 7 senadores. A sessão do Congresso para analisar o
veto está marcada para a próxima terça-feira. Agora, as bancadas do Rio de Janeiro e do Espírito Santo recorrerão ao Supremo Tribunal Federal (STF)
para tentar anular a sessão.
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