quarta-feira, 30 de maio de 2012

Maldito corrupto X Corrupto maldito



Quando funcionários deixam de exercer, ou retardam, o seu trabalho para obter benefícios por fora se chama prevaricação. Se receber dinheiro extra para facilitar algo é suborno. Corrupção passiva de quem recebe, corrupção ativa de quem oferece. Se usar o cargo para se apropriar de bem, dinheiro ou objeto, público ou privado, por força de sua função, é considerado peculato. Se empregar parentes no governo ou usar de força política para tal é nepotismo. Quando o Estado banca o os gastos pessoais de alguém é patrimonialismo. Quando alguém exige tratamento especial ou algo pela posição que ocupa, chama-se concussão.

Acima você conheceu os nomes de alguns dos atos corruptos permeados na sociedade, especialmente nas esferas públicas. Diz-se, e comprova-se, que Pero Vaz de Caminha pediu em sua primeira carta ao rei para que um primo que estava preso fosse enviado para o Brasil. Há a lenda de que tudo está perdido, que a corrupção se alastra por todos os meios, até dentro de casa. É o tal jeitinho brasileiro e também a mentira branca – aquela que é para minimizar a dor da verdade - e o roubo brando, como o roubo de alimentos, até chegarmos ao troco devolvido errado, a mercadoria não cobrada, a carteira achada, o furo discreto da fila, ou mesmo aquele favor entre amigos que nada tem de maldade.

O crime de corromper os sonhos e a possibilidade de uma sociedade igualitária para todos porém, não tem nome. Mas àqueles que se calam frente à injustiça podem ser chamados de covardes. E nesta categoria estão muitos amigos jornalistas que fogem de sua missão de noticiar a verdade, em especial em seu município e combater a corrupção, as mentiras, por um mísero salário no final do mês ou para satisfazer POLÍTICOS e chefes comparsas dos crimes que deveriam comunicar. Mas não apenas os jornalistas também todos os cidadãos têm a obrigação de fazer o controle social das verbas públicas, uso dos aparatos do governo e das relações com o mundo privado. Saindo do âmbito governamental, todos nós temos obrigação de fazer com que o dinheiro não compre vantagens em lugares onde todos deveriam ter direitos e oportunidades iguais, como promovem as leis e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Pois na esfera privada também há extorsão, uso de força e maracutaias em geral.

Não podemos ceder às chantagens de esquemas para cessão de alvarás, liberação de multas, hábeas corpus, coação e outros meios que a lei é posta de lado. Tão pouco devemos colaborar com o dinheiro sujo de traficantes de drogas, estelionatários, entre outros que muitas vezes estão exercendo cargos públicos para defender seus interesses e coagir os demais. Deixar alguém ser mal tratado ou mal atendido em sua frente só reforça que é possível separar as pessoas por classe, raça, sexo ou orientação sexual. Combater a homofobia, a xenofobia, o racismo é tão importante quanto combater crimes como a corrupção ou mesmo a pedofilia. Estamos falando do sonho que todos nós temos, de um mundo melhor. Porém, corrompemos até a palavra inocência, que hoje soa como algo pejorativo.

Quem comete um crime é duplamente corrupto pois de alguma forma colabora para a idéia de que não existem mais pessoas boas, aquele que silencia também assassina o futuro por compactuar. As novas gerações merecem exemplos melhores do que a nossa está dando. É preciso quebrar este círculo vicioso movido pela vantagem dada pelo poder e pelo dinheiro, ou estaremos criando uma geração de pessoas sem escrúpulos, que não se preocupam com o próximo, com o coletivo. Dinheiro e poder sempre existirão mas é preciso dar novo sentido e uso a essas palavras. Se há algo exclusivamente de criação humana podemos dizer que estes dois são exemplos da nossa sociedade. A mitologia da Bíblia diz que havia uma hierarquia entre os anjos. Esta teria criado os anjos decaídos, insatisfeitos com a ordem de poder e influência na sociedade de Deus. Como podemos acreditar então que a relação de poder estabelecida pelo dinheiro e influências vai satisfazer a todos os seres humanos? Estamos criando nossos próprios demônios e acelerando a insatisfação com a corrupção.

Por Allan Johan

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