Segundo Jorge Hage, contribuinte tem direito de conhecer valores pagos.
Executivo definiu que vai divulgar; Judiciário e Legislativo discutem tema.
Fonte: G1
Crédito: Ilustração
O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, defendeu nesta sexta-feira (18) a divulgação, em detalhes, dos salários dos servidores do Poder Executivo federal.
Ele
questionou as reclamações de que a medida - prevista no decreto
publicado na quinta-feira e que regulamenta a Lei de Acesso à Informação
- viola a privacidade dos servidores.
"O
entendimento da CGU, o entendimento da presidenta Dilma Rousseff, é de
que isso não é informação da privacidade da pessoa, não é invasão da
privacidade. É informação de interesse público, porque é pago com
dinheiro público. Quem é que traz o dinheiro para os cofres públicos?
Todos nós que pagamos impostos. Nós somos os seus patrões. Temos direito
sim de saber quanto está sendo pago", afirmou após cerimônia de
abertura da 1ª Conferência Nacional de sobre Transparência e Controle
Social, realizada em Brasília.
O governo publicou um decreto na quinta no qual informa que os salários serão tornados públicos. Agora, os poderes Judiciário e Legislativo também discutem se farão o mesmo.
Hage
não vê problema na divulgação, por exemplo, dos nomes dos servidores e
do detalhamento das remunerações. "Não há restrições quanto à divulgação
do nome completo, da remuneração total. O decreto é bastante explícito
em relação a isso", afirmou.
Para
o ministro, as contestações à norma devem ser feitas na Justiça. "O
Judiciário está aí, disponível, aberto para isso. Quem não se conforma,
vai reclamar no Judiciário", afirmou.
A
forma como será feita a publicação dos dados será definida em portaria
do Ministério do Planejamento. Ainda não há data para a publicação da
regra, mas, segundo o ministro, isso deverá ocorrer nas próximas
semanas.
De
acordo com Hage, somente os funcionários de empresas estatais que atuem
em regimes de concorrência - a Caixa Econômica Federal, por exemplo -
não estarão na abrangência da portaria do ministério. Nesses casos,
valem as regras em vigor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mesmo
que sejam empresas estatais sem capital aberto.
Hage
preferiu não comentar a possibilidade já apontada por outros poderes de
não divulgarem os salários dos servidores. Segundo ele, a lei prevê a
autonomia na regulamentação.
Balanço
O ministro informou que, até as 18h da quinta-feira, cerca de 1,6 mil solicitações de informações haviam sido feitas nos órgãos federais. E, já no segundo dia de vigor da Lei de Acesso à Informação, a CGU começou a encontrar os problemas na execução.
O ministro informou que, até as 18h da quinta-feira, cerca de 1,6 mil solicitações de informações haviam sido feitas nos órgãos federais. E, já no segundo dia de vigor da Lei de Acesso à Informação, a CGU começou a encontrar os problemas na execução.
"No
início, esta lei, como qualquer outra, vai precisar da prática da sua
aplicação. É o que vão mostrar as situações em que é preciso construir
uma interpretação, uma jurisprudência administrativa. Nenhuma lei nasce
pronta para ser aplicada", afirmou Hage.
O
ministro disse, por exemplo, que muitos pedidos já feitos são
genéricos, vagos demais, e isso dificulta o atendimento. O sistema
utilizado para atender aos requerimentos de informação não permite
soluções intermediárias, apenas a aceitação ou negação do pedido.
Por
isso, a CGU está recomendando aos órgãos que utilizem meios externos ao
sistema - e-mail, telefone, entre outros - para pedir um maior
detalhamento e mesmo "negociar" com quem pede a informação uma maneira
de atender às solicitações.
Hage
citou casos em que as informações pedidas eram de difícil coleta dentro
do prazo previsto pela lei, ou incluíam muitos dados.
"O
que nós estamos orientando é, em vez de negar, esclarecer ao
solicitante que ele precisa especificar melhor. A gente está sugerindo
que use e-mail, use telefone, e que estabeleça um diálogo racional com o
solicitante. O diálogo maduro, honesto, resolve todos estes problemas",
afirmou.
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