ROMA, Itália, 15 Out 2011 (AFP) -A violência explodiu neste sábado em Roma, onde a polícia reprimiu manifestantes à margem da marcha dos "indignados", que reuniu milhares de pessoas na capital italiana, no primeiro dia de protesto mundial contra a precariedade, o sistema financeiro e a crise.
Sob lemas como "Povos do mundo, levantem-se", ou "Saiam às ruas, criem um novo mundo", os "indignados" convocaram neste sábado manifestações em 951 cidades de 82 países, no primeiro dia de protesto planetário do movimento, que completa cinco meses desde seu nascimento na Porta do Sol de Madri.
No centro de Roma, a polícia reprimiu centenas de manifestantes descontrolados, encapuzados ou com o rosto coberto com panos, que lançaram granadas de fumaça, coquetéis molotov e garrafas contra as forças de ordem.
Outros manifestantes incendiaram um anexo do ministério da Defesa, e também puseram fogo em dois carros.
Enquanto isso, milhares de pessoas protestaram pacificamente, carregando cartazes que diziam "Apenas uma solução, a Revolução", ou "Não somos bens nas mãos de banqueiros".
Em Madri, cinco marchas partiram de diferentes bairros e se dirigiam à famosa fonte das Cibeles e depois à Porta do Sol, símbolo desde 15 de maio que voltará a se tornar dormitório do protesto na noite deste sábado.
Em Londres, onde ocorreram pequenos confrontos com a polícia ao meio-dia, cerca de 800 "indignados" se reuniram na City e receberam o inesperado apoio do fundador do WikiLeaks, Julian Assange.
A chegada de Assange, em liberdade condicional à espera de uma eventual extradição à Suécia, onde é acusado de estupro, suscitou gritos de alegria.
"Apoiamos o que ocorre aqui porque o sistema bancário de Londres se beneficia do dinheiro da corrupção", afirmou o fundador do WikiLeaks nas escadas da catedral de St Paul, onde se reuniram os manifestantes.
"Vim por solidariedade com os movimentos que ocorrem no mundo inteiro", disse Ben Walker, um professor de 33 anos. "Queremos que exista um pouco de justiça no sistema financeiro globalizado", acrescentou.
Os "indignados" receberam outro curioso apoio: o do governador do Banco da Itália, Mario Draghi, ex-diretor do Goldman Sachs, símbolo dos desarranjos das finanças anglo-saxãs, que no próximo mês assumirá a presidência do Banco Central Europeu.
"Os jovens têm razão de estar indignados", declarou Draghi a jornalistas italianos neste sábado, à margem de uma reunião das Finanças do G20 em Paris. "Estão enfurecidos contra o mundo das finanças. Eu os entendo", acrescentou.
Desde o surgimento do movimento, que teve início com um protesto de centenas de pessoas em Madri no dia 15 de maio, os "indignados" e grupos de filosofia parecida, como "Ocuppy Wall Street", querem fazer deste 15 de outubro (15-0) um dia simbólico, reunindo-se diante de sedes financeiras como Wall Street, a City de Londres ou o Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt.
"Da América à Ásia, da África à Europa, as pessoas estão se levantando para lutar por seus direitos e pedir uma autêntica democracia", acrescenta o manifesto do 15-0. "Os poderes estabelecidos atuam em benefício de alguns poucos, ignorando a vontade da grande maioria", segue. "É preciso pôr fim a esta intolerável situação".
Em Nova York, o movimento "Occupy Wall Street", que nos Estados Unidos se centra no desemprego juvenil e no aumento da desigualdade, ocupa um parque desde o dia 17 de setembro e neste sábado se reunirá na Times Square.
Em Portugal, milhares de pessoas se manifestaram contra a política de austeridade do governo, sob a tutela da UE e do Fundo Monetário Internacional. Em Lisboa, cerca de 50 mil pessoas de todas as idades marcharam em direção ao Parlamento com gritos de "fora FMI".
"Somos vítimas da especulação financeira, e este programa de austeridade vai nos arruinar. É preciso mudar este sistema podre", afirmou à AFP Mathieu Rego, de 25 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário