Ex-ditador da Líbia foi descoberto dentro de uma tubulação de esgoto em Sirte, sua cidade-natal. Antes de morrer, foi desarmado por um jovem de 20 anos
Trípoli
- Oito meses depois do início da revolução que o tirou do poder, o
ex-ditador da Líbia, Muammar Kadhafi, foi morto ontem. O coronel, que
governou de forma autoritária por 42 anos, teve um fim polêmico: de
acordo com vídeos divulgados ao longo do dia, foi capturado com vida
pelos rebeldes armados mas, antes de ser preso ou levado a algum
hospital, acabou abatido a tiros após suplicar: “Não atirem!”.
Kadhafi morreu em Sirte, sua cidade-natal
e último reduto de seus aliados, tomada semana passada pelas tropas do
Conselho Nacional de Transição (CNT), que agora governa a Líbia.
Versões desencontradas sobre sua captura e execução foram divulgadas,
mas sabe-se que o ex-ditador escondeu-se numa manilha antes de ser
descoberto por rebelde de 20 anos, Mohammed El-Bibi.
Ele tomou pistola dourada de Kadhafi e avisou a companheiros sobre a presença do homem, acusado de bombardear civis e distribuir estimulantes sexuais para seus soldados cometerem estupros em massa.
Segundo a versão oficial do do premiê da Líbia, Mahmoud Jibril, o ex-ditador foi morto em tiroteio entre rebeldes e seus apoiadores: a casa onde ele estava era monitorada pelos rebeldes e, quando ele tentou fugir, houve troca de tiros. Posteriormente, o coronel conseguiu se refugiar no duto de esgoto, onde foi pego sem oferecer resistência. “Quando começamos a movê-lo, Kadhafi foi atingido no braço direito. Ele foi, em seguida, levado para um carro. Houve tiroteio entre rebeldes e as forças leais a ele, no qual foi atingido na cabeça. O médico legista não conseguiu determinar de quem partiu a bala”, disse.
Vídeo mostra momento em que Kadhafi foi capturado
Não ficou clara a participação da Otan. Inicialmente, foi divulgada versão de que aviões
da aliança ocidental bombardearam comboio do ex-ditador enquanto ele
tentava fugir, o que possibilitou a aproximação dos rebeldes. Depois, o
ministro da Defesa da França, Gérard Longuet, anunciou que aviões
franceses identificaram e “pararam” o comboio antes que rebeldes o
alcançassem.
Uma terceira versão, de rebeldes, dava conta até que o ex-governante fora morto com tiros de sua própria pistola, por jovem de 18 anos. Seja como for, Kadhafi acabou cumprindo a promessa de só se entregar depois de morto.
Filho e ministro também mortos
Além de Kadhafi, também morreram ontem em Sirte um dos filhos do ex-dirigente líbio, Muatassim, e o ministro da Defesa do antigo regime, Abubakr Yunes Jaber. Não há maiores detalhes sobre a morte dos dois aliados de Kadhafi.
Segundo Mohamed Leith, comandante das forças do novo regime líbio que combatiam em Sirte, os corpos foram levados em uma ambulância para Misrata. Para a mesma cidade também foi levado o cadáver do ex-ditador. Ainda não se sabia, até a noite de ontem, onde Kadhafi será enterrado. Segundo a televisão ‘Al Arabyia’ o corpo será seputado hoje, num local secreto, para evitar a peregrinação de simpatizantes do coronel.
Médicos ligados ao CNT, que garante que não houve ordem para que Kadhafi fosse executado ontem, ainda vão coletar material do corpo para confirmar oficialmente, por DNA, a identidade do ex-ditador.
Festa após fim de uma trajetória polêmica
O anúncio da morte de Kadhafi aos 69 anos — aparentemente executado — despertou pedidos de investigação por ONGs como a Anistia Internacional,
mas principalmente uma onda de comemorações na Líbia e em outros pontos
do mundo. Até na embaixada da Líbia em Brasília cidadãos daquele país e
descendentes nascidos no Brasil queimaram fotos dele e comemoraram.
‘Vítima’ de mais uma revolução da Primavera Árabe e com mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a Humanidade, Kadhafi teria nascido no deserto de Sirte em 1942. Ingressou no exército em 1965 e, em 1969, aos 27 anos, liderou o golpe de Estado que depôs, sem violência, o rei Idris. Em 1977, proclamou a ‘Jamahiriya’: república de massas governada por comitês populares.
Kadhafi ficou conhecido pela excentricidade no visual e estilo de
governar. Gostava de acampar mesmo em viagens oficiais e recebia
autoridades em tendas. Apesar disso, suas propriedades, tomadas pelos
rebeldes, esbanjavam luxo. Ele causou grande repulsa internacional ao
ser vinculado ao atentado contra avião
americano em Lockerbie, na Escócia, que deixou 270 mortos em 1988. Em
2003 aceitou pagar indenizações às famílias das vítimas e se
reaproximou do Ocidente.
Ele chegou a montar batalhão de militares femininas — as amazonas. E ficou famosa a história de ter ‘ensinado’ ao premiê italiano, Silvio Berlusconi, o ritual sexual conhecido como ‘Bunga-Bunga’.
Kadhafi teria morrido com um tiro na cabeça | Foto: Reprodução Internet
Ele tomou pistola dourada de Kadhafi e avisou a companheiros sobre a presença do homem, acusado de bombardear civis e distribuir estimulantes sexuais para seus soldados cometerem estupros em massa.
Segundo a versão oficial do do premiê da Líbia, Mahmoud Jibril, o ex-ditador foi morto em tiroteio entre rebeldes e seus apoiadores: a casa onde ele estava era monitorada pelos rebeldes e, quando ele tentou fugir, houve troca de tiros. Posteriormente, o coronel conseguiu se refugiar no duto de esgoto, onde foi pego sem oferecer resistência. “Quando começamos a movê-lo, Kadhafi foi atingido no braço direito. Ele foi, em seguida, levado para um carro. Houve tiroteio entre rebeldes e as forças leais a ele, no qual foi atingido na cabeça. O médico legista não conseguiu determinar de quem partiu a bala”, disse.
Vídeo mostra momento em que Kadhafi foi capturado
Uma terceira versão, de rebeldes, dava conta até que o ex-governante fora morto com tiros de sua própria pistola, por jovem de 18 anos. Seja como for, Kadhafi acabou cumprindo a promessa de só se entregar depois de morto.
Filho e ministro também mortos
Além de Kadhafi, também morreram ontem em Sirte um dos filhos do ex-dirigente líbio, Muatassim, e o ministro da Defesa do antigo regime, Abubakr Yunes Jaber. Não há maiores detalhes sobre a morte dos dois aliados de Kadhafi.
Segundo Mohamed Leith, comandante das forças do novo regime líbio que combatiam em Sirte, os corpos foram levados em uma ambulância para Misrata. Para a mesma cidade também foi levado o cadáver do ex-ditador. Ainda não se sabia, até a noite de ontem, onde Kadhafi será enterrado. Segundo a televisão ‘Al Arabyia’ o corpo será seputado hoje, num local secreto, para evitar a peregrinação de simpatizantes do coronel.
Médicos ligados ao CNT, que garante que não houve ordem para que Kadhafi fosse executado ontem, ainda vão coletar material do corpo para confirmar oficialmente, por DNA, a identidade do ex-ditador.
Festa após fim de uma trajetória polêmica
‘Vítima’ de mais uma revolução da Primavera Árabe e com mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a Humanidade, Kadhafi teria nascido no deserto de Sirte em 1942. Ingressou no exército em 1965 e, em 1969, aos 27 anos, liderou o golpe de Estado que depôs, sem violência, o rei Idris. Em 1977, proclamou a ‘Jamahiriya’: república de massas governada por comitês populares.
Ele chegou a montar batalhão de militares femininas — as amazonas. E ficou famosa a história de ter ‘ensinado’ ao premiê italiano, Silvio Berlusconi, o ritual sexual conhecido como ‘Bunga-Bunga’.
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