Paralisação, que vai durar pelo menos 28 dias, já custa R$ 360 milhões. Novo impasse coloca avanços para trabalhadores em xeque
A greve fica, a um custo milionário, mas a motivação se esvai. Diante de novo impasse nas negociações pelo reajuste dos funcionários dos Correios – que até o momento gerou prejuízo para a empresa estimado em R$ 360 milhões –, os trabalhadores já admitem que a disputa ganha contornos apenas “simbólicos”.Veja também:
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Na última tentativa de acordo com a estatal, esta sexta-feira, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), representante dos 35 sindicatos da categoria, não abriu mão da devolução de seis dias que haviam sido descontados do contracheque de setembro, quando os servidores já estavam em greve.
A proposta é que os valores fossem devolvidos agora, mas cobrados em 12 parcelas, a partir de janeiro de 2012. Ante a negativa da Fentect, que levaria o caso para julgamento no Tribunal Superior do Trabalho (TST), o presidente da Corte, João Orestes Dalazen, avisou: “A jurisprudência do TST só não admite desconto em greves por atraso de salários. Nos demais casos há desconto”.
Ou seja, quando o caso for analisado pela Justiça, como está previsto para acontecer na próxima terça-feira, a tendência é que seja mantido o direito dos Correios descontarem os seis dias dos grevistas. E também coloca em xeque os avanços obtidos pelos trabalhadores, que inclui reajuste de 6,87%, abono imediato de R$ 800 e aumento linear de R$ 60 a partir de janeiro de 2012.
“A queda de braço agora é simbólica. Os trabalhadores estão aceitando perder, mas perder com dignidade”, diz Saul Gomes da Cruz, que integra o comando da frente de negociações da Fentect. “Não aceitamos declarações de ministro dizendo que estávamos em férias”, acrescentou, referindo-se ao chefe da pasta de Comunicações, Paulo Bernardo, que disse que “quem não trabalha não pode ser pago".
Iniciada em 14 de setembro, a greve tem causado prejuízo de R$ 20 milhões por dia útil, segundo estimativa dos Correios. O valor pode aumentar em mais R$ 40 milhões, já que a paralisação deve se estender por mais quatro dias, até ser julgado pelo TST. A empresa calcula que a entrega de 169 milhões de cartas e encomendas sofreram atraso por causa da greve.
Os principais serviços prejudicados pela paralisação foram os de hora marcada - Sedex 10, Sedex Hoje e Disque Coleta. O vice-presidente de Gestão de Pessoas dos Correios, Larry de Almeida, afirma que a análise do dissídio pela Justiça deve normalizar o prazo de entregas. “Com o julgamento encerra-se a greve. O trabalho deve ser regularizado em uma semana, no máximo”, reforça.
O presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL), Roque Pellizzaro, afirma que os “estragos” da greve já podem ser sentidos principalmente pelos consumidores e pequenos comerciantes. “O comércio é um dos mais atingidos, porque depende do fluxo de bens e serviços”, assinala.
“Com a proximidade do Dia das Crianças, por exemplo, as pessoas querem comprar e remeter os presentes para seus entes queridos. Mas sabendo que estes presentes não chegarão, eles não serão adquiridos”. Pellizzaro afirma não saber mensurar o tamanho do prejuízo para o comércio. Mas ressalta que a paralisação também impacta sobre o orçamento das empresas.
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