sábado, 8 de outubro de 2011

Atletas de grandes clubes e artistas lavaram dinheiro com esquema


Cerca de 15 esportistas e cantores de pagode serão investigados por comprar carros importados, lavar dinheiro e enviar recurso para o exterior

Raphael Gomide, iG Rio de Janeiro


Foto: Divulgação/Receita Federal Ampliar
Carro do jogador de futebol Kleberson, ex-seleção brasileira, foi apreendido pela Receita Federal
Cerca de 15 atletas de grandes clubes e artistas de grupos de pagode famosos são suspeitos de ter usado o esquema de lavagem de dinheiro e de compra de carros importados contrabandeados desarticulado nesta sexta-feira (7) em uma megaoperação da Polícia Federal, conforme o iG apurou.
Entre as celebridades do esporte e da música popular está o ex-jogador do Flamengo e da Seleção brasileira Kleberson, atualmente no Atlético-PR, que teve um Jeep Hummer preto apreendido na operação. Comandada pelo contraventor Haylton Escafura e pelo israelense Yoram El Al, a quadrilha se especializou em lavar dinheiro e enviar recursos ilegalmente para o exterior.

Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Agentes foram até concessionária na Barra da Tijuca, suspeita de vender carros irregulares
Clientes, os atletas e músicos perderão os carros importados contrabandeados que compraram do grupo e responderão na Justiça Federal por lavagem de dinheiro e evasão de divisas em processos individuais, que serão "desmembrados" do principal, hoje já com cerca de 20 volumes. Assim, é possível ter mais rapidez e facilidade nos processos.
Segundo as investigações, os carros eram vendidos pela quadrilha por valores até 30% abaixo dos preços de mercado aos jogadores e artistas. Para a PF, os atletas se beneficiaram disso sabendo da origem ilícita dos automóveis – no direito, a prática é conhecida como “teoria da cegueira deliberada”, ou seja, quando alguém prefere fingir não saber de algo que lhe beneficia.

Esportistas venderam e recompraram carros para não pagar imposto de renda
Além disso, em ao menos três casos, integrantes desses grupos fizeram operações fraudulentas de compra e venda, com a intenção de enganar a receita Federal e pagar menos impostos.
Para omitir os carros importados de suas declarações de imposto de renda de pessoa física, artistas e atletas venderam seus carros no fim de ano, para não estarem com posse deles no dia 31 de dezembro (data de referência do imposto de renda). Nos primeiros dias de janeiro, entretanto, eles recompravam os veículos da loja de carros pelo mesmo valor.
Os esportistas e músicos também são suspeitos de lavar dinheiro e enviar recursos para o exterior por meio do esquema montado por Yoram El Al e Haylton Escafura.
A Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal vão analisar se houver casos em que os compradores de carros comprovarem ter adquirido os veículos de boa-fé, eles poderão mantê-los. Até então, porém, ficarão sem o bem. A Receita Federal já iniciou os processos de "perdimento" dos bens, frutos de contrabando.

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