Mais sobre SIrte
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A cidade natal de Muammar Gaddafi, Sirte, fica entre duas regiões que mantêm relação distante, a Tripolitânia, onde fica Trípoli, e a Cirenaica, onde está Benghazi. Na região da Cirenaica, que deu origem aos atos contra o ditador, a oposição é mais forte. Contando uma terceira região, Fezan, que fica no interior do país, são mais de 2.000 tribos.
Com o paradeiro do coronel desconhecido e a capital Trípoli dada como dominada pelos rebeldes, Sirte tem sido apontada por estes como última fortaleza do regime.
A cidade foi alvo de ataques da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ao longo da semana enquanto, nos pronunciamentos divulgados como sendo de Gaddafi, o ditador reiteradamente critica o que considera interesses imperialistas pelas riquezas do país. Sirte foi, aliás, beneficiada pela exploração do petróleo depois do golpe que levou Gaddafi ao poder.
Ao conclamar seus apoiadores para combaterem os rebeldes, o coronel dirigia-se às tribos de sua cidade natal, que se tornou a capital do seu regime.
"Estamos prontos para uma longa guerra, muito longa, até vencermos vocês", declarou Gaddafi em referência aos rebeldes que se preparam para atacar Sirte. A declaração, em aúdio, foi novamente transmitida via satélite pela emissora de TV síria Al-Rai, com base em Damasco. Não há informação de onde a declaração foi feita, já que o paradeiro do ditador continua desconhecido.
Gaddafi voltou a pedir que os cidadãos lutem contra os rebeldes - a quem ele os filhos chamam de "ratos" - e que prefere "morrer a ser subjugado pelo ocidente".
"Combatam o inimigo dia e noite, ataquem seus integrantes, suas comunicações, eles não têm recursos suficientes", disse Gaddafi.
O ditador ainda afirmou que não se entregará. "Nós não nos renderemos de novo, não somos mulheres, vamos continuar lutando. (...) Se a Líbia cair em chamas, quem será capaz de governá-la? Deixe queimar", declarou, repetindo a expressão usada na primeira mensagem do dia.
Na gravação, na qual lembrou o 42º aniversário de sua chegada ao poder após a revolução que derrubou o monarca Idris I, Gaddafi voltou a repetir as afirmações feitas no discurso anterior e pediu aos "países agressores", refererindo-se à Otan, para se "entenderem com a legalidade".
Na mesma mensagem, Gaddafi acusou os países que participam da operação militar contra ele de "querer colonizar a Líbia e meter a mão nos recursos petroleiros e hídricos" do país.
"Vocês não serão vitoriosos, vocês estão lutando contra nós em nosso solo, Deus não permitirá que vocês vençam", disse.
Desde a semana passada, quando a capital Trípoli foi tomada pelos rebeldes, o paradeiro do ditador é desconhecido, assim como o de dois de seus filhos. Parte da família de Gaddafi está abrigada na Argélia.
A declaração de Gaddafi foi dada logo após o final da conferência em Paris do Grupo de Contato da Líbia e outros países para discutir a transição no país.
Ao final do encontro, o presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou que US$15 bilhões em bens do regime de Muammar Gaddafi serão "desbloqueados imediatamente", "já que o dinheiro desviado por Gaddafi e seus parentes deve voltar aos líbios".
Além disso, o presidente francês elogiou a intervenção militar da Otan e das forças de coalizão, que segundo ele, ajudaram a salvar "milhares de vidas na Líbia". Já o premiê britânico David Cameron ressaltou que "os bombardeios da Otan serão mantidos enquanto Gaddafi continuar sendo uma ameaça".
Nesta quinta-feira, os rebeldes adiaram em uma semana o ultimato para que as forças leais ao regime se rendessem. Anteriormente, o porta-voz militar dos rebeldes, coronel Ahmad Omar Bani, tinha revelado negociações para a rendição de Sirte já no próximo sábado.
Crise na Líbia
Foto 31 de 41 - 1º.set.2011
- Cartaz com a foto de Gaddafi careca e com a frase ''procurado vivo ou
morto'' é impresso por um jornal gratuito distribuído em Trípoli,
capital da Líbia Mais Francois Mori/AP
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