terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Museu da Língua Portuguesa: Vamos aprendendo com as tragédias, diz arquiteto autor de projeto de restauro

Museu da Língua Portuguesa: Vamos aprendendo com as tragédias, diz arquiteto autor de projeto de restauro

Incêndio de grandes proporções atingiu prédio histórico na tarde desta segunda-feira

Agência Estado
Fogo tomou prédio localizado no centro de São Paulo Antônio Cícero/Framephoto/Estadão Conteúdo
Assim que soube do incêndio no Museu da Língua Portuguesa, o arquiteto Pedro Mendes da Rocha, de 53 anos, correu para o local da tragédia, na tarde de segunda-feira (21). Queria acompanhar com os próprios olhos a ação dos bombeiros para tentar conter a destruição daquilo que levou quatro anos projetando e outros dois para conciliar a construção de um moderno espaço cultural com a preservação de um patrimônio histórico. Para a reportagem, ele contou que, pela segunda vez em 69 anos, a torre do relógio impediu que o fogo também consumisse a Estação da Luz e, assim como ocorreu após o incêndio de 1946, é possível restaurar o prédio centenário.
— Pelo que vi o fogo se alastrou por todos os pavimentos. O último andar, onde tinha uma grande galeria, o auditório, era o coração do museu, e foi totalmente destruído.
Questionado sobre o que foi perdido e o que será possível recuperar, Mendes da Rocha acha difícil precisar neste momento, antes de uma análise técnica (do complexo), se houve comprometimento das estruturas.
— Parece que as fachadas resistiram, mas só um estudo técnico profundo vai determinar isso. A princípio, é possível restaurar uma boa parte. O prédio tem três segmentos. Uma parte maior do lado esquerdo, que representa dois terços, e foi atingida pelo fogo. A torre do relógio, e um terço do lado direito. No incêndio de 1946, o fogo consumiu os mesmos dois terços da estrutura. Tem uma explicação física para isso. Tudo leva a crer que neste incêndio aconteceu a mesma coisa. O fogo veio caminhando pelo lado esquerdo e, quando chegou na torre do relógio, que tem paredes grossas, ele ficou retido. E a torre teria funcionado como uma grande chaminé e poupado o outro um terço do prédio. Por isso que no restauro de 1947 esse um terço do lado direito ficou intacto, com as estruturas de 1901.
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1947
Para o arquiteto, o restauro de 1947 "mostrou que é possível recuperar os elementos significativos do prédio com técnicas contemporâneas". Mas pondera.
— Na opinião dos três órgãos de preservação do patrimônio histórico esse projeto de 1947 não foi de qualidade, foi desastrado nas divisões internas"
Ele acredita que é necessário aperfeiçoar mais os recursos para "combater, estancar e minimizar os princípios de incêndio para que eles não se propaguem. Esse continua sendo nosso grande desafio. O histórico incêndio do Edifício Joelma [em 1974, que deixou 191 mortos] trouxe muitas lições e princípios que nortearam o postulado do Corpo de Bombeiros". E completa, "vamos aprendendo com essas tragédias".
Reconstrução
Indagado sobre o tempo que pode durar a reconstrução do museu, Mendes da Rocha afirma que é impossível precisar.
— Depende de vários fatores, como a disponibilidade de recursos, avaliação dos danos, quais procedimentos de recuperação serão usados e se o projeto será semelhante ao atual.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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