O deputado federal
Francisco Escórcio (PMDB-MA) discursa no plenário. Segundo ele, vai faltar
dinheiro para "caixões e passagens" com fim do 14º e 15º salário.
A Câmara aprovou na quarta-feira (27) um projeto que limita o pagamento de 14º e 15º salário para
deputados e senadores, mas a decisão contrariou alguns
parlamentares.
Em entrevista à rádio CBN, o deputado Francisco
Escórcio (PMDB-MA) criticou a medida, e alegou que utiliza o dinheiro para
pagar "caixões e passagens" para eleitores menos favorecidos que
visitam seu gabinete.
Essa ajuda de custo, porém, é destinada para suprir
a necessidade que os parlamentares têm ao se mudar, com suas famílias, para a
capital, no início e no final de cada ano durante o recesso.
"Eu vou abrir mão sim, mas é preciso ajudar
aqueles que precisam desse dinheiro. Acho uma deslealdade com estes deputados
cortar o salário deles. Acho errado! Pago para trabalhar aqui, pago caro",
disse.Ontem, o deputado Newton Cardoso (PMDB-MG) se pronunciou abertamente
contra o projeto.
Os vencimentos mensais dos parlamentares são de R$
26.723,13.
"É um clientelismo e assistencialismo sem
igual. O deputado deveria fiscalizar o poder executivo, e não oferecer estes
favores. Caso a entrega dessas benesses esteja condicionada ao voto no próximo
pleito, pode ser caracterizado o crime eleitoral da compra de votos",
afirma Helio Silveira, advogado especialista em sistema eleitoral.
A reportagem tentou entrar em contato com Escórcio,
mas ele não foi encontrado em seu gabinete.
O projeto de decreto legislativo, de autoria da
ex-senadora e atual ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT-PR), já tinha
sido aprovado há cerca de nove meses no plenário do Senado.
Ao extinguir os salários extras, o projeto prevê
que os parlamentares ainda continuem recebendo dois salários a mais, um no
início e outro no final do mandato. Ou seja, para os deputados, a cada quatro
anos; para os senadores, a cada oito anos.
A colocação do assunto em pauta é uma tentativa do
presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), de melhorar a imagem da
Câmara dos Deputados diante da opinião pública. "Parabéns a este plenário,
que resgata a altivez dessa Casa", declarou após a aprovação.
"Como trabalhadores que somos, não merecemos
nenhum direito a mais", disse a deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), líder
da bancada comunista.
"Esta tarde é uma tarde histórica",
declarou o deputado Rubens Bueno (PPS-PR). "Esse dinheiro não nos
pertence."
A extinção do pagamento do 14º e do 15º trará
economia de R$ 27,4 milhões anuais à Câmara e de R$ 4,32 milhões ao Senado,
totalizando R$ 31,7 milhões. De acordo com a assessoria da Câmara, apenas 30
dos 513 deputados abriram mão voluntariamente do benefício.
O subsídio pago aos parlamentares teve origem
quando a capital da República federal ainda era o Rio de Janeiro..
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