TJ manda soltar coronel acusado de corrupção
Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
Foi solto por volta das 3h desta quarta-feira o coronel Djalma
Beltrami, comandante do 7º BPM (São Gonçalo), preso na segunda-feira
pela Polícia Civil sob a acusação de receber propina do tráfico do Morro
da Coruja. a libertação foi possível graças ao habeas corpus concedido
na noite de terça-feira pelo desembargador Paulo Rangel, do plantão
judiciário do Tribunal de Justiça. Na decisão, o magistrado escreveu que
"estão brincando de investigar" e criticou o trabalho da Delegacia de
Homicídios (DH) de Niterói, responsável pela prisão do oficial.
Rangel
afirmou que o juiz da 2ª Vara Criminal de São Pedro da Aldeia, que
expediu o mandado de prisão contra Beltrami, deixou-se levar "pela
maldade da autoridade policial, que entendeu que ‘zero um’ só pode ser o
comandante do 7º batalhão". A expressão "zero um" é usada numa conversa
gravada entre um PM e um traficante e, segundo a investigação da
Polícia Civil, seria uma referência a Beltrami. Ainda em sua decisão, o
desembargador diz: "A versão da autoridade policial colocou, até então,
um inocente na cadeia". O magistrado completa: "Investigação policial
não é brinquedo de polícia".
Quando recebeu a notícia de que o
habeas corpus havia sido concedido, Beltrami estava no quartel general
da corporação, no Centro, e chorou. O habeas corpus foi impetrado pela
defensora Cláudia Valéria Taranto. Antes da decisão do TJ, a Associação
de Oficiais Militares Estaduais do Rio (AME-Rio) defendeu Beltrami. A
entidade repudiou a ação do titular da DH, delegado Alan Luxardo,
responsável pela Operação Dezembro Negro, na qual o oficial foi preso.
Presidente
da associação, o coronel Fernando Belo questionou a principal prova
apresentada pela polícia para prender o oficial: a escuta telefônica em
que há referência ao "zero um": "Não há prova alguma que possa colocar
Beltrami na situação em que está. Esta é uma prisão criminosa". Os
coronéis Belo e Ubiratan Ângelo, ex-comandante-geral da PM, visitaram
Beltrami pela manhã no QG da PM. Ubiratan também criticou a prisão: "O
sigilo da investigação já foi quebrado, ele (Beltrami) foi exposto,
então que se apresentem todas as provas".
O corregedor da PM,
Waldyr Soares Filho, foi ontem à DH de Niterói para pedir formalmente as
cópias do inquérito: "Não tive acesso ao inquérito. O delegado prometeu
que, em breve, enviará o inquérito à corregedoria. Só não disse quando.
Só sei das informações pela imprensa". Os coronéis Belo e Ângelo
mostraram um documento do Disque-Denúncia, do dia 6 deste mês, segundo o
qual traficantes do Morro da Coruja planejariam assassinar o coronel
Beltrami. Procurados ontem pelo GLOBO, a Secretaria de Segurança, o
comando da Polícia Militar e a Chefia da Polícia Civil não quiseram se
pronunciar sobre o assunto.
Da Agência O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário