sábado, 10 de dezembro de 2011

Com medo de rejeição, personalidades do Pará se eximem de opinar

Do cacique Jáder Barbalho (PMDB) até a dupla do Calypso, paraenses conhecidos evitam polêmicas sobre divisão do Estado

Wilson Lima
Apesar de ser considerado um momento histórico para o Pará, nomes importantes do Estado evitaram entrar na discussão e dizer se são a favor ou contra a criação de Tapajós e Carajás durante a campanha do plebiscito. A votação acontece neste domingo.
Os três possíveis Estados:
Carajás: Estado pode ser um dos mais ricos e violentos do Brasil
Tapajós: Estado será maior que Minas e Bahia, mas mais pobre que o Piauí
Novo Pará: Se for criado, Estado será tão alfabetizado quanto São Paulo
Na política, nomes importantes como o ex-senador e ex-governador do Estado, Jader Barbalho (PMDB) e o senador Mário Couto (PSDB) evitaram tomar partido de um lado ou outro durante o plebiscito. Assim como os deputados federais pelo Pará, Wladimir Costa (PMDB), José Priante (PMDB) e Beto Faro (PT), segundo informações da Agência Brasil. Na música, a dupla Joelma e Chimbinha do Calipso e Pinduca, Rei do Carimbó, também evitaram tomar partido de um lado ou de outro.
iG no Pará:

- Em Carajás, católicos e evangélicos se unem para criar Estado
- Em coração separatista, campanha é tímida e participação, pequena

- Pai trabalha para dividir o Pará. Filha, para mantê-lo unido
- Separatistas dizem que é "dificílimo" conseguir criar Estados
- Campanha separatista abre feridas e gera revolta
O caso de Jader Barbalho é o mais emblemático. A interlocutores, o político mais conhecido do Pará nacionalmente e alvo de vários denúncias sobre mal uso de recursos públicos, sempre falou que era contra a divisão do Estado, mas não falava publicamente para não perder votos na região oeste e sul do Estado, onde tem boas bases eleitorais principalmente em Santarém. Do outro lado, ajudou, nos bastidores, na tramitação do projeto de convocação do plebiscito, aprovado pelo Congresso Nacional no início do ano, conforme informações da frente separatista.
A principal base eleitoral de Barbalho é a região metropolitana de Belém e analistas políticos apontam que essa postura neutra de Barbalho teve justamente esse intuito: manter sua base eleitoral, mas não esquecer de outras bases que, no futuro, podem ser tão fortes quanto a região metropolitana.
Os dois lados: Conheça os argumentos de quem é a favor e contra a divisão do Pará
Na TV: Veja vídeos da campanha eleitoral no Pará
Mário Couto também adotou essa postura com o mesmo intuito. O senador Flexa Ribeiro (PSDB) tentou manter uma postura mais discreta durante toda a campanha, mas declarou publicamente seu voto no “Não”. Uma das principais bases eleitorais de Ribeiro é a região oeste, principalmente a cidade de Santarém, provavelmente motivo pelo qual ele não fez campanha aberta para o “Não”.
Politicamente, deputados, vereadores e prefeitos ainda não sabem ao certo quais serão as conseqüências para as eleições do ano que vem ou de 2014 após o plebiscito. Mas a tendência é que ocorra uma separação mais intensa da preferência do eleitorado de cada região. Além disso, as opiniões pró e contra Carajás, conforme analistas ouvidos pelo iG, devem servir como “munição” ou “bandeira” para os políticos do Pará a partir de agora.
“Ainda não consigo mensurar quem ficou em cima do muro. Mas, todas as lideranças que se omitiram, vão ficar muito queimadas pelo eleitorado. Em Belém, mesmo que as pessoas votem o não, passaram a respeitar as lideranças da nova região. Vai se formar um novo cenário na política do Estado. Vamos sair com uma nova redefinição política no Pará”, defende o deputado João Salame (PPS). “Será uma tendência agora do voto. Tapajós deverá votar em peso com os políticos que defenderam o novo Estado e haverá uma campanha contra a quem defendeu o contrário”, complementa o professor da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e tesoureiro do Comitê Pró-Tapajós, Edvaldo Bernardo.
Na internet, unionistas já defendem abertamente campanha contra os políticos separatistas. Na grande rede, também já há um movimento contrário: de gente do “Sim” evitar votar em políticos do “Não”.

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