quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Gaddafi declara "morte ou vitória" aos rebeldes e diz que saída do quartel foi "estratégica"


Em um pronunciamento transmitido por uma rádio local da Líbia, o ditador Muammar Gaddafi declarou "morte ou vitória" contra os rebeldes que ocuparam Trípoli, o que chamou de "agressão", e disse que a retirada de seus soldados do complexo na capital foi "estratégica". Foi a primeira declaração do ditador desde a ocupação de Trípoli pelos rebeldes. As informações são da agência Reuters.
Na mensagem, o líder disse que está resistindo aos ataques dos rebeldes. "Nós estamos resistindo com toda a nossa força... vamos vencer ou nos tornar mártires, como Deus quiser", declarou o ditador.
Segundo Gaddafi, o complexo de Bab al-Aziziya foi derrubado por "64 ataques da Otan".
Não há confirmação se o pronunciamento foi ao vivo ou gravado, nem mesmo se ele foi feito de Trípoli, já que o paradeiro de Gaddafi, assim como o de seus filhos, é desconhecido.

Crise na Líbia

Foto 96 de 102 - 23.ago.2011 - Rebeldes comemoram a tomada do complexo de Bab al Aziziya, em Trípoli Mais Filippe Monteforte/AFP
Logo após a declaração do ditador, o porta-voz do governo, Moussa Ibrahim, concedeu uma entrevista por telefone a uma rede de TV aliada ao regime - a TV estatal está em poder dos rebeldes há dois dias - e disse que "80% de Trípoli está sob controle do governo".

Ibrahim disse ainda que o país pode virar um "vulcão" e "queimar o chão dos rebeldes".

Durante a entrevista, o porta-voz disse que 6.500 voluntários chegaram a Trípoli "nas últimas seis horas" e se "espalharam" pelas ruas. Ele reforçou a mensagem anterior de Gaddafi,  dizendo que as forças leais ao ditador deixaram o quartel de Bab al-Aziziya porque "não tinham mais um objetivo estratégico e militar" no local.
Ele ainda anunciou que cerca de 12 mil homens leais a Gaddafi estão chegando a Trípoli desde várias tribos ao redor da capital. "Estes voluntários vão entrar na cidade e vão atacar os rebeldes. E os rebeldes não vão aguentar, porque eles não têm os meios para aguentar. Eles sempre pedem ajuda da Otan para intervir o tempo todo. Acho que em dois ou três dias Trípoli será nossa novamente."

Rebeldes fecham cerco ao ditador

A versão do governo contradiz a dos rebeldes, que afirmam controlar a maior parte da capital.
Nesta terça-feira os rebeldes conseguiram importantes avanços na cidade, como o controle do quartel-general do ditador líbio em Trípoli, fechando o cerco ao ditador.
Dentro do complexo, os rebeldes se apoderaram de várias armas, como metralhadoras, fuzis, pistolas e munições. Imagens divulgadas pela rede Al-Jazeera mostraram um jovem rebelde pendurado em uma escultura que representa um punho esmagando um avião, símbolo dos ataques aéreos americanos contra o recinto em 1986, para tentar destruí-lo.

Segundo o relato, era possível visualizar vários corpos dentro do complexo do líder líbio, a maioria deles de soldados leais a Gaddafi, além de muitos feridos.
Os rebeldes também anunciaram ter assumido o controle do porto petroleiro de Ras Lanuf, que fica a caminho da cidade natal de Gaddafi, Sirte.
Segundo Ahmad Bani, porta-voz do Exército rebelde, líderes tribais de Sirte entraram em contato com o Conselho Nacional Transitório líbio (CNT), grupo de oposição da líbia, para negociar sua rendição.
De acordo com Bani, os líderes fiéis a Gaddafi, cujo número e influência não especificou, disseram que não defenderão mais o coronel e relatou que pediram aos rebeldes que chegassem a Sirte "como líbios e não como conquistadores".

Sirte se encontra a 450 quilômetros ao leste de Trípoli e é uma das principais praças das forças pró-Gaddafi após o avanço rebelde na capital. Tal localidade se transformou desde o início do conflito armado, no fim de fevereiro, no principal obstáculo para o avanço rebelde desde o leste do país em direção a Trípoli.

Bani também mostrou seu convencimento que "os combates na Líbia terminarão em 72 horas". Neste sentido explicou que tinha ordenado a todos os funcionários das empresas petrolíferas que retornem a seus trabalhos na manhã de quarta-feira.
O avanço na capital é comemorado também nas ruas de Benghazi, considerada reduto dos rebeldes. "Tomamos Trípoli", afirmou Ahmed al Magrahi, um jovem de 27 anos, em uma praça da cidade onde as forças de segurança encarregadas de proteger a sede do CNT descarregam suas metralhadoras disparando para o alto enquanto gritam o nome de Alá.

Portando centenas de bandeiras tricolores (negra, vermelha e verde) as forças rebeldes, que se deslocaram até a praça onde começou o levante contra Gaddafi no dia 17 de fevereiro, alardeiam o fim do regime do ditador.
*Com informações da Reuters e da BBC

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