segunda-feira, 25 de julho de 2011

Imagens mostram guerra travada entre rebeldes e soldados na Líbia


Gravações foram divulgadas por cidadão líbio que vive em Goiânia.
Registros foram feitas por guerrilheiros na cidade de Misrata.

Do G1, com informações do Fantástico
Imagens divulgadas por um cidadão líbio que vive hoje em Goiânia mostram a guerra travada entre rebeldes e soldados de Kadhafi. As gravações foram feitas pelos próprios guerrilheiros na zona proibida da cidade de Misrata, uma área onde a imprensa não tem autorização para entrar.
Em entrevista ao Fantástico, Saddegh Giamal disse que ideia inicial era apenas mostrar para a família marcas desse confronto que já deixou milhares de mortos. Mas ele decidiu que era hora de divulgar essas imagens para mostrar a forma com que Kadhafi luta para se manter no poder.
“Esses rebeldes, na verdade, não têm treinamento algum de guerra. O rebelde é praticamente esse povo que trabalha, caminhoneiro, escavadeiro, outro trabalha em fábrica. Não tem nenhum treinamento. E 80% do povo de Líbia é contra. Com medo, ninguém falava”, diz.
Giamal é um cidadão líbio que escolheu viver no Brasil há 25 anos. Ele foi para Goiânia, se casou na cidade e teve dois filhos, Adib, de 21 anos e Tarik, de 18. Ele conta que fugiu da Líbia por não concordar com o regime de Muammar Kadhafi.
“Kadafi controla todos. Controla tudo. Pobreza. Não tem saúde, não tem educação. Não tem escola. Não tem nada”, conta.
Ele foi voluntário na guerra. Ajudou nos hospitais e na distribuição de comida para os que se envolveram na luta, como os irmãos dele, que pegaram em armas. Quatro estão participando da guerra como guerrilheiros. Um morreu. "O mais velho morreu”, afirma.
Giamal nasceu em Misurata, a capital financeira da Líbia, uma das cidades destruídas pelo confronto. De um lado, a população, e de outro, as forças armadas de Kadhafi, há 42 anos no poder, tomado em um golpe, que derrubou a monarquia pró-Ocidente da Líbia.
Rico em reservas de petróleo, o país se tornou base para a ação de terroristas islâmicos. Kadhafi foi acusado de patrocinar atentados no Oriente Médio e na Europa, o que provocou sanções internacionais.
Em 1988, foi responsabilizado pelo ataque à bomba ao jato da Pan Am, em Lockerbie, na Escócia, que matou 270 pessoas. Ainda nos anos 80, sobreviveu a um bombardeio. Nos últimos anos, a aparência de Kadhafi foi mudando. Durante a Assembleia Geral da ONU, nos Estados Unidos, em 2009, ele trocou o hotel por uma tenda.
Mas não é da excentricidade de Kadhafi que Giamal se lembra do tempo em que viveu na Líbia.
A maior lembrança é do medo que o ditador provocava. Quando ele fugiu, não pôde nem contar para família onde estava, temendo pela segurança dos pais e dos 11 irmãos que ficaram em Misurata.
“Medo do Kadhafi, do regime de Kadhafi. O Kadhafi vai atrás. Se você sai, significa você contra ele pode achar você manda matar”, conta.
Reencontro após 21 anos de buscas
Ele acabou sendo localizado por um irmão depois de uma busca que durou 21 anos. O reencontro aconteceu em Goiânia. Depois foi a vez de Giamal voar para a Líbia para rever os parentes. Ele estava lá quando a guerra estourou. Foram dias de muita angústia para a família. .
Giamal trouxe com ele seis horas de gravações da guerra travada entre rebeldes e soldados de Kadhafi. As imagens inéditas mostram os bastidores de uma luta de cidadãos comuns. As gravações mostram o momento em que as forças de Kadhafi invadiam Misurata, a cidade de Sadik.
Os rebeldes usam equipamentos improvisados e armas tomadas das forças de Kadhafi. Em um dos vídeos aparece um rebelde ferido pelas tropas do regime. Soldados exigem que ele repita: "Viva Ala, viva Kadhafi”. O rebelde, sem forças, se nega. Depois, ouvem-se os tiros.
Em outra cena, o guerrilheiro mostra o monte de dinheiro encontrado com os militares. Segundo Sadik, são mercenários pagos pelo governo para matar os rebeldes. Muitos deles estrangeiros.
Rebeldes queimaram a bandeira da líbia instituída por Kadhafi depois do golpe. Giamal deu entrevista tendo ao fundo a bandeira que os rebeldes querem que seja o símbolo de uma líbia pós-Kadhafi.
“É um cara criminoso. Eu quero o Kadhafi capturado vivo, ter julgamento por todos os crimes que cometeu”, conclui.

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