quarta-feira, 27 de julho de 2011

Escavações são retomadas em Xambioá

Depois das buscas por restos mortais de desaparecidos políticos durante a Guerrilha do Araguaia, feitas pelo Grupo de Trabalho Tocantins (GTT) até o fim do ano passado, agora a procura foi retomada sob a coordenação dos ministérios da Defesa, Justiça e Secretaria dos Direitos Humanos, formando o Grupo de Trabalho Araguaia (GTA), com o intuito de fazer uma busca mais minuciosa nos locais já apontados pelo antigo GTT onde os corpos dos guerrilheiros poderiam estar enterrados. A nova expedição começou na segunda-feira (25) e vai até o próximo dia 4 no cemitério do município de Xambioá (TO).
Cerca de quatro áreas do cemitério que já tinham sido escavadas pelo GTT estão sendo novamente vasculhadas pelo GTA, mas em pontos que não foram explorados, segundo o advogado Marcelo Veiga, que é assessor na Secretaria Nacional de Justiça e também faz parte da coordenação do GTA. “Os trabalhos do GTT até dois anos atrás foram bem feitos, mas agora, nós do GTA entendemos que alguns pontos mereciam atenção especial e optamos por retomar as buscas por estes pontos deixados pelo GTT”, explica Marcelo.
Ele fala que uma das áreas fica localizada logo na entrada do cemitério e as outras três no fundo à direita. “Os fortes indícios convergem com algumas informações de pessoas da época, que relatam terem sido abertas covas para enterrar guerrilheiros nesses locais. Por isso delimitamos essas áreas”, observa.
BRAÇAL
O representante do Ministério da Justiça relata ainda que esses dois dias foram mais voltados ao trabalho braçal de escavação em duas das quatro áreas para alcançar entre 1,30 metros e 1,80 metros de profundidade (característica de uma cova).
“Os peritos acompanham todo o processo de escavação e se identificarem alguma alteração no solo eles pedem para parar e fazem o trabalho deles de perícia. Mas, normalmente, é a partir de 1,30 metros de profundidade que os peritos dão uma atenção mais minuciosa para verificar se há restos mortais nas covas”, ressalta Marcelo, afirmando que hoje é que esse trabalho dos peritos entra em cena, já que somente no fim da tarde de ontem é que as escavações nas duas áreas chegaram à profundidade necessária. “Ainda não apareceu nada significativo, mas a partir de agora, se houver algum vestígio, os peritos vão achar, pois esse momento requer um pouco mais de cuidado para averiguar se a terra foi removida e constatar outros indícios de sepultamento pela consistência da terra”.
VESTÍGIOS
Se hoje for encontrado algum vestígio de restos mortais, o trabalho nessas duas áreas devem se estender por mais dois ou quatro dias e, se não houver vestígio algum, amanhã a equipe passa para as outras duas áreas do cemitério, completando a expedição no cemitério de Xambioá.
Hoje, a ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, acompanha o trabalho do GTA “in loco” com o intuito de explicar o trabalho do GTA e reconhecer a importância da guerrilha junto à sociedade local, que ainda carrega uma carga simbólica muito forte daquele momento histórico, já que as pessoas da região ainda se sentem muito mexidas com ocorrido. Além disso, a presença da ministra também tem o objetivo de marcar a transparência do trabalho do GTA e de traçar um perfil mais voltado para o diálogo com os familiares e outras pessoas envolvidas na guerrilha. (Diário do Pará)

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