“É um trabalho diferente porque no caso do 447 havia muitos outros fatores a investigar. O acidente com o bimotor está mais evidente. Além disso, os corpos das vítimas do voo da Air France estavam em estado de putrefação, por causa do tempo que se passou até o resgate e pela ação da água salgada do mar. Isso dificultava muito o trabalho”, explicou a gerente do Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife, Joyce Breenzinckr, que ainda não gerenciava o instituto em 2009, mas que participou ativamente dos procedimentos.
O bimotor L-410 da Noar ia de Recife para Mossoró (RN), com escala em Natal, e matou 16 pessoas ao cair, perto da praia da Boa Viagem, três minutos após a decolagem do aeroporto Gilberto Freyre, na capital pernambucana. O piloto relatou problemas na aeronave à torre de comando segundos após a decolagem. Já o Airbus da Air France, modelo A330, fazia a rota Rio de Janeiro-Paris quando caiu no oceano Atlântico, matando as 228 pessoas a bordo. Mais de dois anos após o acidente, a França encontrou as caixas-pretas do avião, mas ainda não se sabe ao certo o que teria ocorrido no momento do acidente.
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O trabalho para identificar os 50 corpos resgatados do oceano Atlântico dias após a queda do Airbus durou mais de dois meses. “Demorou mais tempo não somente pelo estado em que estavam, mas também pela quantidade de corpos”, lembra Joyce. No caso do acidente da última quarta-feira, o prazo de conclusão dos trabalhos é de 10 a 15 dias, sendo que a maioria dos corpos já estava identificada até esta sexta-feira (15).
Os exames feitos para o reconhecimento dos cadáveres também foram diferentes. No caso da Air France, todos os exames de DNA foram realizados no laboratório da Polícia Federal em Brasília. E todos os corpos, mesmo os que já haviam sido identificados por exames papiloscópicos (impressões digitais) ou por teste de odontologia legal (avaliação da arcada dentária), também tiveram as amostras de material genético comparadas com as de seus familiares.
“Foi uma decisão de toda a equipe de identificação, para que não houvesse contestação internacional, já que os corpos tinham origem em 33 países. Foi uma atitude de capricho mesmo”, afirmou a gerente do IML.
Já no caso da Noar, quase todos os corpos foram reconhecidos apenas pelas digitais e pelas arcadas dentárias –apenas dois devem passar por exames de DNA. Joyce reforça, no entanto, que não há risco de erro na identificação. “Em qualquer situação, os métodos que estamos utilizando são totalmente precisos. É um protocolo internacional, padrão da Interpol.”
A identificação através de DNA está sendo feita em um laboratório de Salvador, na Bahia. O trabalho poderia ser realizado no Recife, mas o IML local não possui ainda um laboratório capaz de isolar e comparar as amostras. Os equipamentos necessários para o procedimento já foram comprados e estão no instituto desde o início do ano, aguardando a construção de um espaço para abrigar o centro.
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