segunda-feira, 25 de julho de 2011

Atirador da Noruega usou balas com alto poder de destruição

Foto: AP Ampliar
Imagem mostra Anders Behring Breivik em manifesto que lhe foi atribuído e encontrado em 23/07 (a imagem foi alterada para remoção do fundo)
O atirador que matou mais de 85 jovens na Ilha de Utoya, Noruega, usou balas especiais projetadas para se desintegrar dentro do corpo e causar o máximo de danos internos, disse neste domingo o cirurgião-chefe do hospital que trata as vítimas. Segundo a polícia, o ataque durou 90 minutos até que o suspeito se rendesse tendo "uma quantidade considerável de munição" em uma pistola e um fuzil automático.

Colin Poole, chefe de cirurgia do Hospital de Ringriket Hospital em Honefoss, a noroeste de Oslo, disse à Associated Press que os profissionais que cuidam de 16 feridos por disparos recuperaram apenas fragmentos minúsculos de balas dentro de seus corpos, acrescentando que as feridas por onde os projéteis saíram eram, de forma incomum, pequenas e fracas.
"Essas balas mais ou menos explodiram dentro do corpo. Toda a energia dos projéteis foi depositada dentro do tecido", disse. "Elas causaram danos internos que são absolutamente horríveis."
O atirador norueguês de 32 anos, Anders Behring Breivik, abriu fogo contra participantes da ala juvenil do governista Partido Trabalhista na ilha horas depois da explosão de um carro-bomba na capital do país, Oslo, que deixou sete mortos. Segundo fontes policiais, Breivik, a quem foi atribuído um manifesto de 1,5 mil páginas, disse ter agido sozinho nos dois ataques.
Especialistas balísticos dizem que as chamadas balas "dum-dum" são mais leves e podem ser disparadas com mais precisão em distâncias diferentes. Elas normalmente são usadas por policiais à paisana em aviões e por caçadores de animais pequenos.
Poole, um cirurgião que trabalha há 26 anos no hospital, disse que as balas estavam "hiperfragmentadas" e produziram imagens de raio X confusas. "Isso nos causou uma série de problemas extras para lidar com as feridas, que tinham várias trajetórias estranhas", afirmou. "O efeito que causam dentro do corpo é como de mil alfinetes."
Breivik comparecerá na próxima segunda-feira às 8h (de Brasília) ante um tribunal de Oslo que poderá decretar sua prisão preventiva por um período máximo de quatro semanas. Esse período poderá ser renovado em nova audiência a ser realizada até o fim das quatro semanas.
Ele pediu para comparecer de uniforme à audiência, segundo informou seu advogado Geir Lippestead à televisão NRK neste domingo. "Ele tem dois desejos: o primeiro é que a audiência seja pública e o segundo é que ele possa vestir-se de uniforme", disse o advogado, completando que desconhe de que vestimenta se trata. A decisão sobre se a audiência será ou não pública caberá ao juiz. "Ele quer explicar o que fez. E quer fazê-lo publicamente", justificou o advogado.
Policial sumido
O chefe da polícia Sveinung Sponheim disse que um oficial havia sido contratado para fazer a segurança da ilha. Não está claro quem o contratou ou se estava na ilha no momento dos ataques. Segundo Sponheim, os detetives não sabem de seu paradeiro. "Um policial teria de estar no local", afirmou em coletiva neste domingo. Ele também disse que um especialista da polícia britânica está ajudando na investigação do massacre como parte de uma cooperação com forças estrangeiras.
De acordo com a polícia e Geir Lippestad, o advogado de Breivik, apesar de ter admitido culpa no ataque duplo, o suspeito rejeitou responsabilidade criminal pelo dia que chocou a pacífica Noruega e representou o mais mortal para o país desde a Segunda Guerra Mundial. Ele foi acusado de terrorismo e deve comparecer a um tribunal na segunda-feira.
Embora Breivik tenha confessado os dois ataques, a polícia realizou neste domingo uma operação em uma propriedade no leste de Oslo, detendo seis pessoas. Oficiais da força contraterrorismo conhecida como Delta vasculharam dois contâineres químicos no local, mas não encontraram nenhum explosivo. Os detidos foram soltos mais tarde, com a polícia afirmando que eles não tinham relação com as ações de sexta-feira.

Pessoas se abraçam após uma "missa pelo lamento e a esperança" na Catedral de Oslo, Noruega - Foto: AP
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Sobreviventes do massacre na ilha apontaram para a possibilidade de haver dois atiradores, e no sábado a polícia confirmou que investigava esses relatos, não descartando a existência de um segundo suspeito. "Ele diz ter agido sozinho, mas a polícia precisa verificar tudo. Alguns dos testemunhos coletados na ilha nos fez questionar se havia um ou mais atiradores", disse Sponheim.
A polícia analisa agora o manifesto atribuído ao atirador, intitulado "2083 - Uma Declaração Europeia de Independência", postado em inglês no dia do atentado duplo. Nele, o suspeito afirma que a elite europeia, "os multiculturalistas" e os "enaltecedores da islamização" seriam punidos por seus "atos de traição". O texto também declara a "guerra" contra os imigrantes muçulmanos e os marxistas.
Homenagem às vítimas
Centenas compareceram neste domingo à Catedral de Oslo para uma missa em memória dos mais de 90 mortos no duplo atentado. Além da cerimônia em Oslo, houve funerais das vítimas em diversas partes do país. O rei norueguês Harald 5º e sua esposa, a rainha Sônia, estiveram na catedral juntamente com o primeiro-ministro, Jens Stoltenberg.
O premiê disse aos presentes que os dois dias desde o ataque parecem "uma eternidade e as noites são repletas de angústia e lágrimas". "Cada um dos que nos deixaram é uma tragédia. Uma tragédia nacional", disse.
Stoltenberg disse conhecer vários dos mortos de sexta-feira, anunciando que os nomes e as fotos das vítimas serão publicados em breve. "A magnitude do mal emergiu naquele momento", disse o premiê trabalhista no discurso pronunciado com a voz embargada. O rei Harald 5º não pôde esconder as lágrimas.
*Com AP, BBC, EFE e AFP

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