terça-feira, 21 de junho de 2011

No Rio, vítima de sequestro relâmpago é morta por policiais

O Estado de S.Paulo
O supervisor de vendas Aloysio Mattos Martins Júnior, de 45 anos, foi morto a tiros por policiais militares no domingo, após ter o carro roubado. Mantido refém no veículo por três criminosos, Aloysio foi atingido durante perseguição policial aos suspeitos, que furaram uma blitz em Benfica, na zona norte do Rio.
O bloqueio tinha sido montado para impedir a fuga de traficantes do Morro da Mangueira, também na zona norte, ocupado no domingo para a instalação de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
O comandante do 22.º BPM (Maré), tenente-coronel Gláucio Moreira, vai instaurar Inquérito Policial Militar para apurar as circunstâncias da morte. De acordo com a PM, "o oficial, no entanto, já apurou que os policiais foram atacados a tiros pelo grupo que mantinha o refém".
A versão, segundo a PM, foi confirmada por Juan Ferreira de Oliveira, de 19 anos, que teria confessado participação no crime e está internado no Hospital Federal de Bonsucesso. Ele deu entrada no domingo com ferimentos a bala e passa bem. Os dois comparsas, ainda não identificados, estão foragidos.
A ocorrência foi registrada na 21.ª DP (Bonsucesso). De acordo com o delegado Marcus Montez, os PMs relataram no boletim de ocorrência que o Honda Fit passou direto pela blitz em Benfica. Depois de perseguirem o veículo, encontraram-no abandonado. "Os policiais apresentaram uma pistola que, segundo eles, foi encontrada sob o homem baleado", disse Montez.
Aloysio chegou a ser levado ao Hospital Federal de Bonsucesso, mas não resistiu. Segundo a Assessoria de Imprensa do hospital, no entanto, o homem chegou morto à unidade.
De acordo com a família de Aloysio, ele estava em casa no domingo à noite, em Niterói, comemorando o aniversário, quando um dos convidados se machucou e precisou ser levado ao médico. A família acredita que ele tenha sido abordado pelos criminosos ao voltar para casa.
Aloysio não tinha antecedentes criminais.
UPP. Em 40 dias, as quatro comunidades beneficiadas pela UPP da Mangueira terão 380 policiais, o maior número de agentes em uma ação do tipo.
A prefeitura do Rio estima que 22 mil pessoas morem nas favelas ocupadas. Ontem, os órgãos municipais e estaduais promoveram uma faxina nas favelas com o recolhimento de mais de 30 toneladas de lixo, limpeza de valas de esgoto e a derrubada de 74 barracas de vendedores que funcionavam irregularmente debaixo de um viaduto.
A demolição provocou protestos. "Tenho 56 anos e dependo disso para viver. Estamos aqui por ordem da prefeitura desde 1998. Na época, eles disseram que iam dar quiosques padronizados dento de um programa de urbanização", disse a vendedora Conceição Aparecida.
O subprefeito da zona norte, André Santos, prometeu que ainda nesta semana o projeto de urbanização com os quiosques padronizados estará pronto.
"A prioridade é retirar o comércio de debaixo do viaduto. Até para fazer o projeto é necessária a demolição. Vamos trabalhar a semana inteira para acelerar a volta dessas pessoas ao trabalho", disse Santos.
Defensores públicos acompanham a ação policial. Até ontem à tarde, nenhuma ocorrência de abuso policial foi registrada por eles na região ocupada.

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