quinta-feira, 16 de junho de 2011

Governo pode injetar R$ 140 bi no 'Minha Casa'

Daniela Amorim - O Estado de S.Paulo
Ao mesmo tempo em que investe em medidas macroprudenciais e juros para conter a expansão da economia, o governo tem ajudado a aquecer alguns setores importantes com injeção de bilhões de reais. É o caso do programa Minha Casa, Minha Vida, que estimula as indústrias de cimento, construção civil, móveis e eletrodomésticos.
O lançamento da segunda fase do programa será feito hoje pela presidente Dilma Rousseff. Segundo medida provisória editada em 12 de maio, a continuidade do programa prevê a entrega de mais 2 milhões de imóveis, com investimentos de R$ 71,7 bilhões até 2014. Mas o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, antecipou que os recursos para essa fase podem chegar a R$ 140 bilhões. A Caixa deve responder por 80% do total.
O Ministério das Cidades mantém segredo sobre os recursos, mas os fabricantes de móveis esperam ser beneficiados pelos investimentos. Ivo Cansan, presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), prevê um aumento de 10% nas vendas este ano e estima que metade desse total se deverá à demanda do Minha Casa, Minha Vida.
"Os primeiros apartamentos estão sendo entregues agora e precisam ser mobiliados. É o Minha Casa, Minha Vida que está puxando a demanda este ano", disse Cansan, que estima um faturamento de R$ 30 bilhões para a indústria moveleira nacional em 2011 e outros R$ 55 bilhões para os revendedores.
O diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Daniel Plá, confirma que o investimento em habitação beneficia também setores do varejo. "Quando alguém muda de casa, acaba gastando de uma só vez o equivalente a dez prestações do financiamento daquela casa só para mobiliá-la. Se a pessoa paga uma prestação de R$ 600, vai gastar R$ 6 mil", calculou Plá. "É perfeito para quem vende mobília e eletrodomésticos."
Segundo dados da Caixa, desde 2009, quando o programa foi lançado, até maio deste ano, foram entregues 354.134 unidades habitacionais, entre 1,044 milhão de imóveis contratados. O investimento total seria de R$ 60,136 bilhões. A previsão é que até o fim de 2011 tenham sido entregues 500 mil unidades.
O presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento, José Otávio Carvalho, afirma que o setor só não sofreu um golpe na crise de 2008 porque o programa compensou a queda na construção de imóveis para as classes média e alta: "É o que vem impulsionando o setor".
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Rio (Sinduscon-Rio), Roberto Kauffmann, reconhece que o programa tem ajudado a manter aquecida a demanda. "Há grande vontade política do governo e dinheiro não vai faltar."
O economista Armando Castelar, da Fundação Getúlio Vargas, não vê sinais contraditórios do governo, em meio aos esforços para conter a inflação. Segundo ele, o governo quer desacelerar o consumo, e não o investimento. "É um objetivo louvável, mas difícil de ser atingido. O risco é não conseguir (cumpri-lo) e a inflação ficar mais alta por mais tempo." / COLABOROU SABRINA VALLE

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