domingo, 19 de junho de 2011

“Governo do Pará trabalha a favor de empresas que destroem o meio ambiente”, diz jornalista


http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/files/2011/06/carvoaria_2-ok.jpg“O governo do Estado do Pará trabalha a favor das empresas que destroem o meio ambiente. Eu não tenho nenhuma dúvida em afirmar isso.” A denúncia é do jornalista freelancer Marques Casara, que coordenou o estudo ‘O aço da devastação’, financiado pelo Instituto Observatório Social, uma instituição financiada pela CUT e pelas centrais sindicais FNV, da Holanda e DGB, da Alemanha. Segundo explicou Casara, suas decisões são tomadas com a participação de outras organizações – como o Dieese e a Unitrabalho. Disse ainda que foram gastos R$ 60 mil, incluindo pessoal e gráfica e que o estudo terá uma tiragem de 10 mil exemplares. O lançamento será na próxima quarta-feira, 22, às 9h, na rua São Bento, 413, em São Paulo.
Para realizar a pesquisa, Casara fez três viagens ao polo siderúrgico de Carajás, no Pará, totalizando 30 dias na região. A região ganhou as páginas dos jornais após o assassinato dos ambientalistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, no dia 24 de maio, em Nova Ipixuna.
Casara esteve em Nova Ipixuna em março, antes da morte dos ambientalistas. Diz que não chegou a conversar com Zé Cláudio, mas admite que as palestras do ambientalista que estão disponíveis na internet o inspiraram a ir para a região.
O trabalho de 2011 dá continuidade a outro, realizado sete anos antes. “A coisa toda começou em 2004, quando eu fiz o primeiro trabalho lá para o Observatório, que é tentar estudar um pouco a cadeia produtiva do carvão, ou seja da onde vem o carvão e para onde vai o carvão”, conta.
Segundo ele, em 2004 a pesquisa conseguiu provas documentais que mostravam que as siderúrgicas de ferro-gusa (insumo produzido a partir da mistura de carvão vegetal e ferro, fundamental para a fabricação do aço) estavam usando carvão do trabalho escravo – contaminando toda a cadeia produtiva do aço. De acordo com Casara, 90% do aço que é produzido ali é exportado para os Estados Unidos, para empresas como a Nucor Corporation e para a National Material Trading (NMT).
Após esse primeiro trabalho, explica ele, houve uma grande mobilização de organizações da sociedade civil e de entidades de classe. “Foi assinada em Brasília, com a participação da Fiesp, do Instituto Ethos, do Ministério Público Federal, do Ministério Público do Trabalho, do Observatório Social e das empresas, das siderúrgicas, a carta compromisso pelo fim do trabalho escravo no setor do aço. As empresas iniciaram naquela época uma série de atividades para controlar o trabalho escravo nas carvoarias. Elas criaram o Instituto Carvão Cidadão (ICC) que passou a auditar as carvoarias que fornecem para as siderúrgicas. Então o ICC visita as carvoarias e verifica se os trabalhadores estão registrados, se eles têm água potável, se eles têm as condições mínimas de direitos como pessoas, se têm seus direitos fundamentais respeitados”, explica.

Nenhum comentário:


Fornecido Por Cotação do Euro